O começo do ano letivo tem sido conturbado para alunos, professores e responsáveis da rede municipal de Niterói. A greve dos profissionais da educação foi anunciada ainda no final de janeiro e o cabo de guerra entre os servidores e a Prefeitura de Niterói parece estar longe de uma resolução. Em um novo capítulo, professores realocados denunciam um “chá de cadeira”, por parte do governo municipal, na escolha de suas novas escolas.
Relatos reunidos pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio (Sepe-Niterói), contam que, durante a última terça-feira (4), professoras da Educação Infantil e da EJA enfrentaram até 10 horas aguardando por atendimento na Fundação Municipal de Educação (FME). Segundo o sindicato, o último atendimento foi às 22h.
“Além do transtorno de terem sido ‘devolvidas’ de suas escolas às vésperas do início do ano letivo, as professoras enfrentaram falta de respeito e de transparência, por parte do governo, na escolha de suas novas escolas. Horas e horas aguardando. O último atendimento foi às 22h” diz trecho da nota emitida pelo Sepe-Niterói.
Procurada pelo TEMPO REAL, a Secretaria de Educação de Niterói informou que apresentou aos servidores todas as vagas abertas para que as escolhas fossem feitas de forma clara e mais adequada.
“Uma equipe com dez profissionais realizou 80 atendimentos, com horários marcados previamente e duração média de 30 minutos. Todos os professores foram atendidos em um processo de diálogo e escuta, entendendo as necessidades de cada profissional” diz a nota.
Greve está marcada para 10 de fevereiro
Os profissionais da educação da rede municipal de Niterói convocaram uma assembleia geral da categoria para o dia 10 de fevereiro, e assim, deflagrar a greve. De acordo com o Sindicato, o motivo da paralisação é uma série de medidas propostas pelo prefeito Rodrigo Neves (PDT) e pelo secretário municipal de Educação, Bira Marques.
Entre as ações do governo municipal que desagradaram a categoria estão a retirada da dupla regência, retirada de um professor dos GREIs 4 e 5 e a mudança da modulação dos GREIs 1 e 2. De acordo com os profissionais, isto atrapalha a organização e planejamento do trabalho e irá superlotar as turmas de educação infantil.
Sobre a greve, a Prefeitura de Niterói enviou uma nota. Eis alguns dos pontos do texto:
“A rede municipal de Educação de Niterói tem cerca de quatro mil professores. A paralisação foi decidida em uma assembleia virtual com cerca de 200 profissionais. Niterói tem uma rede de 30 mil alunos com quase quatro mil professores graças a três concursos públicos realizados nas duas gestões anteriores de Rodrigo Neves. A rede municipal de educação de Niterói tem a maior proporção de professores por alunos no estado: um professor a cada sete alunos. É a cidade do estado que mais investe em Educação: R$ 28 mil por aluno. O município está se alinhando ao Conselho Nacional de Educação, que permite a reorganização de professores, estabelecendo um para cada turma de 4 e 5 anos. E terá um professor articulador a cada três turmas de 4 e 5 anos para auxiliar o regente”.