O dia 23 de abril é uma data especial no Rio. Mais do que um feriado, marca a celebração a São Jorge, o santo guerreiro. Desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (23), fiéis lotam igrejas dedicadas ao herói que matou o dragão, em diferentes pontos da Região Metropolitana.
Em 2025, as celebrações também têm homenagens a outro Jorge — Bergoglio, o Papa Francisco, que morreu na última segunda-feira (21). Até o começo da noite, fiéis poderão acompanhar missas e procissões. Somente na capital, há três igrejas dedicadas a São Jorge.

A principal delas é a Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino Bocaiúva, na Zona Norte. Centenas de fiéis também marcam presença na Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, na Praça da República, no Centro; na Paróquia São Jorge, em Realengo, Zona Oeste; e na Capela de São Jorge, no Centro de Niterói.
Devoção a São Jorge
Uma hora antes do sol nascer no horizonte carioca, às cinco horas da manhã, um grupo de fiéis católicos começa o dia em Quintino, para prestigiar a tradicional queima de fogos em homenagem a São Jorge. É o início oficial do dia dedicado ao personagem, feriado em alguns locais do país, como é o caso do Estado do Rio.

Na crença católica, São Jorge é considerado padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros. Ou, de forma mais popular, como o santo guerreiro. Para os devotos, simboliza um guia contra as dificuldades da existência humana, aquele que ajuda na luta contra o mal, ou contra os diferentes problemas do plano terreno e sobrenatural.
Apesar da força no catolicismo, há outras vertentes do cristianismo que o consideram santo, como a Igreja Anglicana e a Igreja Ortodoxa. Também para alguns seguidores de religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, há um comportamento de respeito.
Relação entre São Jorge e Ogum
Uma das afirmações frequentes no senso comum é o de que São Jorge e Ogum, orixá ligado às religiões de matriz africana, são o mesmo personagem, com nomes diferentes. A socióloga Flávia Pinto, que também é escritora, mãe de santo e matriarca da Casa do Perdão, explica que esse é um erro.

“Para nós do candomblé e da umbanda, já temos consciência hoje que São Jorge não é Ogum. Por um motivo histórico e cronológico. São Jorge existiu na Capadócia há dois mil anos. Já Ogum existe há mais de 10 mil anos na cidade de Ire, na Nigéria. Naturalmente, São Jorge é um filho pródigo de Ogum, mas não é o próprio Ogum”, diz Flávia.
Outra ideia comum é a de valorizar o sincretismo cultural quando se fala em São Jorge, por ele ter sido apropriado e ressignificado pelos afrodescendentes, ligados à diáspora negra, como forma de resistência e manutenção das crenças africanas. Flávia Pinto defende que esse cenário não pode ser visto de maneira romantizada, por ter envolvido processos violentos.
Com Agência Brasil.