A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa discutia ontem o que fazer com a deputada Lucinha (PSD), investigada por possível envolvimento com a maior milícia da Zona Oeste. O relator, Rodrigo Amorim (PTB), havia proposto não aceitar o afastamento determinado pela Justiça, mas encaminhar a moça diretamente ao Conselho de Ética, e transformá-la em ré num processo disciplinar.
Diante de três procuradores da Casa, dois deles professores de Direito Constitucional, os nobres tiravam as dúvidas. E lá se iam quatro horas de reunião. Daí que começou a votação. Quando o placar já estava em seis a zero a favor do relatório, chegou a vez de Verônica Lima, do PT.
“Vou no entendimento que temos que ter um prazo”, disse a moça.
Como assim? Já estava claro que não era possível modificar a decisão judicial. Apenas aceitar, ou não.
“Se a senhora está discordando, que apresente o voto em separado. Vai manter a decisão do judiciário e abrir mão da prerrogativa do parlamento?”, perguntou Amorim.
Verônica titubeou, mas não voltou atrás.
“Seremos duros também. Será a primeira vez que uma deputada vai ser sumariamente transformada em ré num processo ético”, ainda tentou Amorim, sem sucesso.
“A senhora quer posar de heroína, enquanto os outros seis vão ser crucificados pela opinião pública e pela imprensa. Pois então fique sabendo que vai chegar à casa o processo envolvendo o deputado Renato Machado, também do PT, e a senhora vai ser designada a relatora. Vamos ver se mantém essa mesma postura”, avisou Amorim, o vingativo.
Renato Machado foi denunciado pelo Ministério Público à Justiça, nesta quarta-feira (7), por suspeita de associação criminosa, peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, em decorrência de desvio de recursos públicos de Maricá, destinados à construção do Hospital Municipal Doutor Ernesto Che Guevara. Ele, sim, já é réu.