Irritado com a instalação da CPI da Transparência — que promete passar um pente fino nos atos secretos do governo do estado, inclusive em gastos multimilionários sem licitação — o governador Cláudio Castro pediu ao seu partido, o PL, a punição dos deputados estaduais Alan Lopes, que vai presidir o colegiado; e Filippe Poubel, o vice-presidente.
O relator, Rodrigo Amorim, escapou porque é filiado ao União Brasil.
Castro teria usado a expressão “inimigos do Guanabara”, ao se referir à dupla, e teria pedido a expulsão deles. O PL resistiu, argumentaram que isso empurraria os rebeldes, de vez, para a oposição. Mas, para pôr panos quentes na treta, membros da executiva pediram aos parlamentares que “peguem mais leve”, já que o governador é um dos mais destacados representantes do partido no estado.
Por enquanto, não houve uma reunião formal sobre o assunto. O governador está em Nova York, com uma comitiva, desde a semana passada. Não volta nem para o julgamento do processo, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), marcado para esta sexta-feira (17). E olha que o processo pode levar à cassação de seu mandato e de seu vice, Thiago Pampolha, por abuso de poder econômico e político nas eleições de 2022.
Além de pedir sanções ao partido, o governo chegou a revogar, no dia 30 de abril, a cessão dos policiais que fazem a escolta dos dois parlamentares, a pedida pela Assembleia Legislativa. O ato foi tornado sem efeito em 6 de maio.
Acordo não cumprido
Coincidência, ou não, os rebeldes são os mesmos que, no ano passado, comandaram a CPI da Desordem Urbana, que fiscalizou as operações de trânsito promovidas por órgãos do estado.
Apesar de seu governo ser alvo de algumas das denúncias — e de também ter ficado irritado com isso — Castro agradeceu publicamente aos parlamentares, em setembro.
“Não tem como o governador, ou o secretário, ver tudo. Quando a Assembleia Legislativa, parceira, vai às ruas ver o que está errado, ela está sendo, sim, os olhos do governador e do governo”, disse, na ocasião.
Ele prometeu rever a legislação, e autorizou os deputados a aprovarem o Estatuto das Blitzes — dizendo que sancionaria o texto, em seguida.
“Por isso estamos criando aqui uma lei, um estatuto, para regular as blitzes. Para que o cidadão saiba seus direitos e seus deveres, para que os agentes saibam seus direitos e seus deveres. Que a gente possa fazer com que o cidadão se sinta seguro com a blitz, e não prejudicado, ou inseguro”.
Três meses depois, na última semana antes do recesso, foi aprovado o estatuto, conforme o combinado.
Até hoje, o governo do estado não pôs em prática a nova legislação.
Tem que fiscalizar e pagar a recomposiçao do executivo