O ex-ministro da Justiça Flávio Dino e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, resistiram a todas as pressões contra a nomeação do delegado Leandro Almada na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Almada foi fundamental na prisão, neste domingo (24), dos irmãos Brazão (o deputado federal Chiquinho e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos), sob a acusação de mandarem matar a vereadora Marielle Franco, em março de 2018.
A solução final do caso só começou a tomar forma quando Almada tomou posse, em janeiro de 2023 — até porque as raizes do assassinato estavam enterradas na Polícia Civil do Rio. O próprio superintendente já havia indicado a existência de uma organização criminosa que trabalhava para atrapalhar a apuração do assassinato de Marielle. O inquérito, que ficou conhecido como a investigação da investigação, foi finalizado em 2019. Também foi preso neste domingo o delegado Rivaldo Barbosa — que assumira a chefia de polícia na véspera da execução de Marielle e teria garantido a Domingos Brazão que as investigações sobre o caso não seriam concluídas.
Não foram poucas as pressões contra Almada. Antes mesmo da nomeação, políticos que ocupam cargos poderosos no Estado do Rio e no Palácio do Planalto recorreram até ao presidente Lula (PT) para tentar demover o governo federal da ideia. Gente da direita — mas também da esquerda. Lula e Dino sempre responderam que o delegado era uma escolha do próprio diretor-geral.
O superintendente é temido por conhecer os caminhos da corrupção na política e na polícia do Rio. Reservado, é conhecido por manter apenas conversas institucionais com políticos — nada de almoços e festinhas com parlamentares ou com a turma da administração pública.
“A superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro continuará priorizando o combate ao desvio de recursos públicos, identificando e responsabilizando agentes políticos que traem a confiança dos eleitores e utilizam o poder temporário conseguido nas urnas para enriquecimento e fortalecimento de grupos criminosos”, disse o homem, na posse que resistiu a todos os bombardeios.
Faltou dar nome aos bois que buscaram impedir a nomeação do Almada. Quem estava com rabo preso, Berê? Fala pá noix!