A manhã da segunda-feira após a semana de carnaval pode ser considerada uma das mais desafiadoras do ano. A vida real, as obrigações do trabalho e as contas — inclusive aquelas adquiridas durante a folia — batem à porta sem cerimônia. Tanto é que a frase “o ano só começa depois do carnaval” é extremamente popular.
Carnaval, viagens e feriadões são ótimos momentos para alcançar um certo refúgio e escape da rotina, e (por quê não?) um descanso precioso. No entanto, o contraste entre os excessos frequentemente cometidos durante a festa, com a exaustão que fica nos dias após o feriado, podem causar um desequilíbrio para a saúde física (e mental).
É o que alerta o psicanalista e mestre pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Raí Rocha. Para o profissional, a chave é lembrar que existe vida após os picos de dopamina e adrenalina do carnaval.
“É um momento de muita dopamina presente e a gente sai do modo responsável e racional para ir ao emocional, que fica aflorado. É como se vivêssemos o nosso instinto, afinal fomos feitos para ter muito prazer para ter disponibilidade de glicose e trazer essa felicidade ao corpo”, diz o profissional.
A nova ‘bad’ após o carnaval
Parte da beleza do carnaval, é, justamente, encontrar pelas ruas uma diversidade de pessoas livres para amar, com menos julgamento para se vestir, e explorando um espírito de liberdade para ser o que quiser, sem se preocupar em caber dentro das regras sociais.
No entanto, Raí Rocha lembra que, com a chegada do fatídico momento de “parar com tudo e voltar à rotina, e vestir-se da sensação de obrigatoriedade em fazer o que deve ser feito”, é preciso buscar a beleza (e o extraordinário) também no cotidiano.
“É saber a hora de abaixar esses níveis sabendo que o desconforto é também necessário para que se tenha um equilíbrio nas emoções com prazeres moderados”, diz o psicanalista.
Por fim, o especialista frisa que, ao buscar construir uma rotina agradável e equilibrada entre trabalho e momentos de lazer, não é preciso esperar os poucos dias de carnaval para viver uma “fantasia”. Ele incentiva explorar a liberdade, a cidade, a afetividade, ou mesmo os encontros.