Você já ouviu falar dos Brics, não? Aquele grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e que recentemente abriu as portas para novos membros como Argentina, Irã e Etiópia, entre outros. A ideia por trás do bloco é simples: criar uma força alternativa ao domínio das potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos. Mas e se eu te dissesse que, olhando friamente os números, os próprios EUA deveriam estar nesse grupo?
Antes que você torça o nariz, vamos dar uma olhada num diagrama curioso que circula por aí (ilustração acima).
Ele mostra três critérios bem objetivos: países com mais de 2 milhões de km² de território, mais de 100 milhões de habitantes e PIB superior a 1 trilhão de dólares. Só quatro países aparecem nos três círculos ao mesmo tempo: Brasil, Rússia, China… e os Estados Unidos. Ou seja, os EUA cumprem todos os requisitos que colocaram os Brics no mapa. E não é por pouco. Com quase 10 milhões de km², mais de 340 milhões de habitantes e um PIB que ultrapassa os 25 trilhões de dólares, os americanos são, tecnicamente, o país mais Brics de todos — só que estão do lado de fora.
Aí você pode dizer: “Mas os EUA são a potência dominante, não têm nada de emergente!” Verdade. Mas será que o Brics ainda é só sobre países em desenvolvimento? Com a entrada de potências energéticas como Arábia Saudita e países com influência regional como Egito e Emirados Árabes, o bloco está se reinventando. Está virando uma plataforma de diálogo global, com foco em multipolaridade, comércio alternativo e cooperação estratégica. E é aí que os EUA poderiam entrar. Não como dono da bola, mas como parceiro disposto a jogar junto. Afinal, os desafios do século XXI — como mudanças climáticas, inteligência artificial, segurança alimentar e saúde pública — não respeitam fronteiras ideológicas. Ter os Estados Unidos dentro do Brics poderia abrir espaço para acordos mais amplos, reduzir tensões geopolíticas e até acelerar soluções globais.
Claro, há obstáculos. A desconfiança entre Washington e Moscou, a rivalidade com Pequim, as diferenças de modelo político. Mas vale lembrar que o próprio Brics já abriga sistemas bem distintos: da democracia vibrante da Índia ao regime centralizado da China. Se há espaço para tanta diversidade, por que não incluir o país que, goste-se ou não, ainda dita boa parte das regras do jogo?
Brics não é um clube de ricos
Essa provocação não é sobre transformar o Brics num clube de ricos. É sobre reconhecer que o mundo está mudando — e que talvez seja hora de repensar quem está dentro e quem está fora. Os Estados Unidos, com sua capacidade de investimento, inovação e influência, poderiam contribuir para um Brics mais forte, mais plural e mais eficaz.
No fim das contas, talvez o verdadeiro espírito do Brics não seja excluir, mas incluir. E nesse caso, incluir até quem parece improvável. Porque se os números falam, os EUA já estão lá — só falta o convite.


Parece-me que o autor não compreendeu o objetivo do BRICS e não tem acompanhado o noticiário internacional.
Oi, Lucas, bom que vc leu, e concordo com você pois – pelo visto- não consegui transmitir o espirito brincalhão do texto. Abs
Gostei. Criativo como sempre
Gostei muito, bastante objetivo e enriquecedor.
Há algum tempo, já tenho ouvido falar do BRICS. Também acho que os Estados Unidos deveriam fazer parte desse grupo. Tenho certeza, que os EUA apesar de cumprir todos os requisitos que colocaram os BRICS no mapa, podendo contribuir para um grupo de países muito mais forte, vão querer continuar do lado de fora. Alfeu, nota máxima para a objetividade do texto e mais uma vez, parabéns.