Um dia depois de ser alvo de uma operação da Polícia Federal, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) comentou a ação policial em sua rede social na manhã desta terça-feira (30). No X, ex-Twitter, o filho do presidente Jair Bolsonaro mostrou um vídeo de sua casa com armários e gavetas revirados. A residência e o gabinete dele na Câmara Municipal do Rio, além de endereços de assessores, sofreram busca da PF em investigação sobre uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.
Na postagem, o vereador também reclamou que o porteiro que interfonou para anunciar a chegada de amigos foi o mesmo que mentiu para a Polícia Federal no caso da investigação do assassinado da vereadora Marielle Franco, em 2018. Em depoimento, o funcionário o condomínio Vivendas da Barra disse que o ex-policial militar Élcio Queiroz disse que iria à casa de Jair Bolsonaro no dia da morte a vereadora e do motorista Anderson Gomes. O Ministério Público do Rio desmentiu o porteiro em 2019.
Na operação desta segunda-feira (29), a PF encontrou Carlos na casa de veraneio da família, em Angra dos Reis, onde apreendeu o celular e computadores do vereador. Os agentes também estiveram na casa da assessora Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, de quem já tinham identificado mensagem com pedidos de informações sigilosas a Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.
Também foi alvo de buscas a casa de Priscilla Pereira e Silva, assessora do ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal, do PL, Alexandre Ramagem. Na casa de um outro assessor dele, Giancarlo Gomes Rodrigues, foram apreendidos computadores, dez celulares e uma arma. Giancarlo é militar e trabalhou na Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem.
A operação foi um desdobramento da realizada na quinta-feira (25), que teve como alvo Alexandre Ramagem, que foi chefe da Abin entre julho de 2019 a março de 2022. A PF aponta que apontam que os investigados integravam um “núcleo político” que, em conjunto com funcionários públicos sob o comando de Ramagem, “monitorou indevidamente ‘inimigos políticos’ e buscou informações acerca da existência de investigações relacionadas aos filhos” de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente.
Na autorização para a busca e apreensão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou ainda que as “provas indicam”, de forma “significativa”, a existência de uma “organização criminosa infiltrada na Abin” e que, segundo a PF, esse grupo uma célula de um grupo ainda maior, que tinha por tarefa realizar “contrainteligência de Estado”.
Em comunicado enviado à imprensa, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que houve excesso na operação porque os agentes apreenderam, inclusive, objetos de outras pessoas que estavam no mesmo endereço do vereador Carlos Bolsonaro. “A medida empreendida hoje, em uma residência familiar, com apreensão indiscriminadas de bens pessoais de terceiros, sem ordem judicial específica, configura inegável abuso e uso excessivo do poder estatal”, diz trecho do comunicado.