Juliana Mendes/Conexão UFRJ – Os pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem) da UFRJ participam ativamente do processo de despoluição da Lagoa de Imboassica, um dos cartões-postais da cidade de Macaé. Além de pesquisar e monitorar a região há cerca de 35 anos, o Instituto já vem contribuindo com a ação do poder público local ao proporcionar o desenvolvimento de estratégias e orientações para a despoluição da lagoa.
Com uma área equivalente a 500 campos de futebol, a Lagoa de Imboassica é uma importante região para o município de Macaé, no Norte Fluminense do Rio de Janeiro. Além de apresentar as características de um ecossistema único, ela também é um local de lazer, morada e pesca para os habitantes da cidade.
Em torno da lagoa há dois pólos da Petrobras, que, na década de 70, época da instalação, favoreceram um processo de desfavelização do local e, consequentemente, maior especulação imobiliária na região, com imóveis mais caros. Apesar da importância que apresenta, tanto econômica quanto socialmente, a lagoa enfrenta problemas relacionados à poluição e despejo de esgoto sanitário sem tratamento adequado. É um risco diário para a sobrevivência de todo o corpo hídrico, como aponta o Nupem.
De acordo com Rodrigo Lemes, professor de Biologia do Instituto, os principais obstáculos da lagoa atualmente são o assoreamento, o esgoto e as aberturas periódicas da região para entrada e saída das águas do mar, que provocam alta taxa de assoreamento e diminuem a capacidade do corpo hídrico.
“As casas das pessoas são inundadas com a água salgada com mais frequência, as plantas morrem e vão para o fundo. A população força para abrir a barra. Consequentemente, a lagoa fica em uma condição de degradação muito acelerada e já não suporta mais esse processo de diminuição da quantidade de água que consegue captar. Isso é um problema seriíssimo”, explica Lemes.
A Câmara dos Vereadores de Macaé vem traçando planos e estratégias para iniciar o processo de despoluição da lagoa, o qual é orientado pelo Nupem. A Imboassica é estudada por eles desde o final da década de 80. Segundo o professor, o Instituto fica responsável por orientar o que pode ser feito na região, elaborar métodos e indicar os melhores caminhos da maneira mais efetiva e correta possível.
“É uma espécie de consultoria técnica e científica, sem a forma de prestação de serviço. A base científica, toda a base de dados e a técnica nós já temos. Nós entendemos como a lagoa funciona. Há também tecnologia e dinheiro para resolver. O problema é que existem muitos interesses difusos e vários atores envolvidos. Então, primeiro, é preciso escolher o que queremos com a lagoa, qual será o fim disso”, disse o professor.
A prioridade é tirar o esgoto da lagoa, o que, segundo o professor, já trará uma melhora significativa na condição das águas. No entanto, o problema maior hoje é que toda vez que a barra é aberta, se tem esgoto, uma espécie de planta chamada taboa cresce de forma exponencial, acumula no fundo e vai fazendo a lagoa ficar cada vez mais rasa. Além disso, Rodrigo explica que também há o acúmulo de sedimentos pelo esgoto envolvido, o que agrava a situação.Por isso, medidas para melhorar ou até mesmo solucionar o problema da poluição da lagoa são essenciais para a sobrevivência do ecossistema nas próximas décadas.
Segundo Lemes, as últimas medições feitas pelo Nupem, durante os piores cenários de abertura da lagoa, apontam que, até o final do século, o local pode vir a ser um brejo. Apenas a despoluição vai assegurar “uma maior sustentabilidade à lagoa”, nas palavras de Rodrigo. “Talvez a gente ganhe uma sobrevida de mais de 50 anos ou mais de 200 anos. Mas estamos diante de um quadro de mudanças climáticas globais. É difícil prever como a lagoa vai se comportar nos períodos de chuvas ou secas. A despoluição já garante mais um tempo”, finaliza.