Ter um cliente fiel é o sonho de qualquer empresa que vende algo. No caso de um grupo de construtoras, a Prefeitura do Rio tem sido um freguês e tanto. Em três anos, o governo de Eduardo Paes (PSD) já comprou com eles dois imóveis que, somados, custaram R$ 183 milhões aos cofres do município.
No Diário Oficial desta terça-feira (18), foi publicado a extrato de instrumento do termo de compra e venda, por R$ 69,6 milhões, de um prédio na Rua da Alfândega, número 41, com a Sulacap Empreendimento Imobiliário. O objeto prevê a aquisição da loja, sobreloja e das salas 201 a 901 e 1001.
De acordo com levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), os donos dessa construtora são Daniel Quaresma Leão e Danilo Quaresma Leão, também proprietários de outra construtora envolvida em uma grande transação com a prefeitura, em 2022. Na ocasião, o governo Paes pagou R$ 113,6 milhões num imóvel em Benfica, Zona Norte da cidade.
Pedro Duarte vai questionar à prefeitura sobre a destinação do imóvel no Centro. O de Benfica, cabe ressaltar, abriga o Super Centro de Saúde, considerado por Paes uma das “joias” de seu governo. Entretanto, os trâmites para a aquisição do prédio geram indagações até hoje.
Construção suspeita de prédio comprado pela prefeitura
O gabinete de Duarte levantou que a construtora Internacional, também pertencente a Danilo e Daniel, começou a construção do edifício de Benfica em 2016, ainda no segundo mandato de Paes. Em 2020, com a pandemia da Covid-19 e já no governo de Marcelo Crivella (Republicanos), a Secretaria Municipal de Saúde levantou uma série de prédios da cidade para construir um hospital e, nesse em especial, encontrou toda a infraestrutura já adaptada para uma unidade de saúde.
A prefeitura chegou a avaliar o custo do prédio para fins de desapropriação, mas desistiu e arquivou o processo. Só que em 2021, já com Paes de volta à prefeitura, o processo foi desarquivado e a avaliação refeita. Na ocasião, o imóvel foi o escolhido para ser a sede do Super Centro. Assim, o município pagou R$ 113,6 milhões aos proprietários.
“Ou seja, o edifício começou a ser construído na era Paes e foi vendido para a prefeitura com Paes de volta”, disse Duarte.
Além disso, o gabinete do parlamentar apurou que um terceiro imóvel, dos mesmos donos das construtoras, é alugado pela prefeitura por R$ 97 mil por mês para abrigar o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa).
Importante frisar que, segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a Controladoria-Geral do Município (CGM), a prefeitura possui um patrimônio imobiliário municipal avaliado em R$ 15 bilhões, o que gera dúvidas sobre a necessidade de se alugar ou comprar novos imóveis.
