Onde você estava na semana do dia 11 de março de 2020? Naquele dia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente a pandemia de Covid-19. A primeira morte causada pela doença no Brasil, aconteceu no dia seguinte, 12 de março, em São Paulo. A partir dali, nada seria como antes.
Nos meses que sucederam esse marco, mais de 700 mil brasileiros também perderam a vida em decorrência do vírus, que causava um tipo de “gripe” cujos sintomas e efeitos ainda não eram totalmente compreendidos. Sem vacina ou tratamento estabelecido, o Coronavírus causou uma comoção global, isolando as pessoas. A única forma de prevenção era suspender o contato completamente.
‘Seguindo todos os protocolos’
Após a chegada da vacina, em 2021, veio o próximo desafio: retomar o “novo normal”. A expressão foi muito utilizada para descrever os procedimentos adotados para retomar a convivência. Os “protocolos” incluíam máscaras de proteção, álcool em gel, distanciamento social e comprovante de vacinação. No entanto, como prosseguir? A pandemia chegou ao fim, mas assim como as vidas perdidas, os prejuízos psicossociais também não poderiam ser esquecidos.
Para a profissional Débora Regina, psicóloga clínica e mestre em psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o afastamento social, a impossibilidades de acesso a espaços externos, perdas de amigos e parentes, além da inserção da vida e trabalho on-line (para os que conseguiram adaptar sua rotina nessa modalidade), transformou definitivamente a forma que as pessoas se conectam com o mundo.
“Através de lives de shows, exercícios físicos, ioga, entre muitos outros, nunca estivemos tão conectados nas redes e afastados socialmente. O limiar entre trabalho e lazer se misturaram entre quatro paredes.
Pós-pandemia, já não éramos como antes, marcas que ausência da sociabilidade ocasionou. Além de questões financeiras, a fragilização de vínculos sociais consolidados”, diz Débora.

Saímos melhores após a Covid-19?
Era comum, durante a pandemia, além de relembrar a época em que o contato era possível, projetar como a vida seria quando tudo “voltasse ao normal”. No entanto, sobreviver a uma pandemia enquanto sociedade, não foi um trajeto linear. Sem retorno ao que foi perdido, era necessário recomeçar a partir de uma nova noção de realidade.
E lidando, também, com dificuldade de conexão em relações agora fragilizadas. Para Débora Regina, reconhecendo a importância dos vínculos de afeto para a saúde mental, o adoecimento psíquico em decorrência do isolamento, foi uma dessas marcas definitivas deixadas pela pandemia.
A profissional ainda faz uma associação entre a “hiper conexão tecnológica” com a “diminuição de conexão com alguma rede de apoio e a manutenção desta rede”. A receita para, segundo ela, a potencialização de quadros de depressão e ansiedade.
Os eventos voltaram. Novos festivais foram criados, assim como grandes aglomerações. Abraços, beijos e apertos de mão, sorrir sem máscara de proteção, e transportes coletivos lotados. Tudo foi retomado. No entanto, a partir daquela semana de março de 2020, a humanidade seguiu, coletivamente, por um novo rumo na história. Caminho este que, cinco anos depois, ainda deixa mais perguntas do que respostas.
A Covid-19 hoje
Segundo o Painel da Covid-19 do Governo do Estado do Rio de Janeiro, entre janeiro e março de 2025, a doença causou 89 mortes, 143 internações, com 6,5 mil casos confirmados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em Genebra, na Suíça, o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à Covid-19, em 5 de maio de 2023.