Deu no Diário Oficial desta quinta-feira (07): o governador Cláudio Castro (PL) exonerou Caroline Alves da presidência da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), e nomeou em seu lugar Alexandre Valle, ex-deputado federal, ex-secretário de Educação e candidato derrotado à Prefeitura de Itaguaí. Caroline, por sua vez, foi nomeada na presidência da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (Faperj), no lugar de Jerson Lima, também exonerado na mesma edição do D.O.
As nomeações (e a exoneração) aconteceram mesmo depois de uma série de protestos feitos pela comunidade acadêmica e científica do Rio contra a saída de Jerson Lima da Faperj. O biofísico comandava o amparo à pesquisa no estado desde janeiro de 2019.
A Faperj é responsável por financiar estudos, pesquisas e bolsas para pesquisadores, e tem um orçamento anual de R$ 620 milhões. A troca no comando da instituição foi um pedido do secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes, que é deputado estadual pelo PL.
Até a Firjan entrou no movimento contra a mudança na Faperj
Inicialmente, o pedido de Moraes foi para que Alexandre Valle, que não tem curso superior, ocupasse o cargo na Faperj. A tentativa gerou forte reação.
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, a Fiocruz e até a Federação das Indústrias do Estado, a Firjan, apelaram “para que não se faça, da direção da Faperj, um cargo de indicação partidária”. No dia 24 de outubro o prédio da Fundação recebeu um “abraço”, símbolo de uma insatisfação que também chegou às redes sociais, onde uma petição eletrônica passou de 20 mil assinaturas contra a nomeação de Valle no posto.
Pressionado, o governo trocou Valle por Caroline e pôs o ex-secretário na Faetec. Caroline é cirurgiã dentista e pedagoga. No currículo Lattes, a plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, consta como que ela fez um curso intermediário em espanhol, algumas palestras no Exército Brasileiro e na Uerj, além de uma pesquisa sobre educação e carreira militar em 2009.
Mais uma vez, os presidentes das duas principais entidades científicas do país — a SBPC e a ABC — se manifestaram contrários à nomeação, alegando falta de qualificação de Caroline para a função.
Desta vez, não adiantou.