A Mata Atlântica, nas regiões Norte e Noroeste do estado do Rio, foi reduzida a 13,16% da área original até 1985. A área mais degradada encolheu em 93% de sua cobertura, afetada, principalmente, pela agricultura e pastagem. Os dados são de estudo da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e da Universidade Federal Fluminense (UFF),publicado nesta segunda-feira (22) na revista científica “Ambiente & Sociedade”.
A pesquisa comparou dados sobre a vegetação original e as transformações ocorridas entre os anos de 1985 e 2020 nas regiões Norte e Noroeste da Mata Atlântica fluminense. A partir desse comparativo, pode se constatar a fragmentação da floresta, reduzida a pequenos e isolados pontos arborizados, e a acentuada redução de sua cobertura vegetal.
A perda de floresta nativa não é uniforme: algumas localidades acabam sofrendo mais do que outras. A Floresta Ombrófila Densa Alto Montana, por exemplo, foi a menos afetada pelas mudanças até 2020, com 88% de sua cobertura original preservada. O crescimento urbano também tem avançado sobre a mata nativa, com a ocupação irregular de morros e encostas.
Patrícia Marques, pesquisadora da UENF, explica que isso tem um custo, inclusive humano, em razão das mortes por consequência de deslizamentos de terra. “Em uma floresta fragmentada, muitos animais ficam impossibilitados de transitar por áreas abertas. Até mesmo a dispersão de plantas é afetada, pois muitas delas dependem de animais para levar suas sementes para outras áreas”, observa.
Apesar da drástica redução, o Rio de Janeiro ainda é um dos estados com maior cobertura percentual relativa de Mata Atlântica. Em 2018, havia cerca de 29,9% de floresta remanescente em seu território. Atualmente, menos de 8% da vegetação do Noroeste e Norte do estado está em áreas incluídas em alguma categoria de proteção prevista pela legislação. Nesses locais, a pesquisa identificou uma perda de 16% da vegetação em 35 anos. O estudo determina a necessidade de se estabelecer políticas públicas para proteger a vegetação que resta e recuperar a que foi perdida.
Patrícia explica que “isso envolve proteger os remanescentes de floresta primária por meio de unidades de conservação, incentivar a regeneração em áreas de floresta secundária e promover a restauração de áreas degradadas”.
Norte e Noroeste do estado sofrem com a seca
As regiões Norte e Noroeste do estado do Rio vêm sofrendo com uma forte seca nos últimos anos. A retirada da cobertura vegetal prejudica o ciclo de formação de chuvas. Especialistas apontam que essas áreas podem tornar-se semiáridas nos próximos 10 ou 15 anos por conta da crise climática.
No ano de 2017, a seca causou um prejuízo de R$ 70 milhões para os municípios das regiões e a perda de 20 mil cabeças de gado. A população sofreu com o comprometimento do abastecimento de água. A série histórica de oito décadas mostra que o Norte e Noroeste Fluminense está ficando cada vez mais quente e seco ano após ano.
Com informações do Diário do Rio