Dez anos depois da morte de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 350 metros na Zona Norte do Rio, após ser balelada em uma operação, a Justiça absolveu os policiais militares envolvidos no homicídio.
A auxiliar de serviços gerais tinha quatro filhos e foi baleada no pescoço e nas costas depois de sair de sua casa para comprar pão, no Morro da Congonha, em Madureira. Após Claudia ser atingida, os agentes colocaram a mulher na mala da viatura, sob pretexto de socorrê-la. Mas, no trajeto, a porta abriu e ela projetada para fora, ficando pendurada apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados, os policiais percorreram 350 metros.
Respondiam pelo homicídio e foram absolvidos o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, que comandava a operação, e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno. Ambos responderam o processo em liberdade.
O sargento segue na PM. Já Boaventura ganhou um cargo na Vice-Governadoria do estado e chegou a virar diretor de pós-licenciamento do Instituto estadual do Ambiente (Inea), com nomeação publicada no DO de 29 dezembro do ano passado. No último dia 8 de março ele foi exonerado, após mudanças na direção do órgão.
Decisão
A investigação da Polícia Civil concluiu que o tiro que atingiu Claudia partiu do ponto onde estavam os policiais. Mas o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, destacou que, no momento em que a mulher foi baleada, os PMs trocavam tiros com traficantes. Para ele, os agentes agiram “em legítima defesa para repelir a agressão”, o que “incorreu em erro” e acabou atingindo Cláudia.
Os subtenentes Adir Serrano e Rodney Archanjo, atualmente reformados, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles também foram absolvidos pelo crime de fraude processual. Eles eram acusados de ter removido o corpo da mulher para modificar a cena do crime. Para o juiz Alexandre Abrahão, os PMs “tentaram socorrer a vítima, em que pese vários populares agirem de modo a impedir o socorro”.
Na mesma decisão, o juiz pronunciou a júri popular Ronald Felipe dos Santos, acusado de ser o traficante que trocou tiros com os agentes naquele dia. Ele é acusado de atirar contra os policiais. A sentença é do último dia 22 de fevereiro.