O ano de 2025 chega ao fim com o turismo literário em alta no Rio — que descobriu, nas páginas dos livros, um caminho para atrair ainda mais visitantes. Com a expectativa de receber mais de 8 milhões de estrangeiros por ano e se consolidar como principal destino da América do Sul, o Rio se despede do título de Capital Mundial do Livro 2025 — eleito pela Unesco — mas deixa como legado um roteiro inspirado na rica tradição literária da cidade.
A Embratur lançou o programa Rotas Literárias, desenvolvido pelo EmbraturLAB, seu laboratório de inovação. São dois audioguias, que conduzem visitantes pelo Rio Literário e pela Rota Machado de Assis, acessíveis gratuitamente no site do projeto e que usam soluções de startups brasileiras para proporcionar uma imersão digital e interativa.
Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, o objetivo dessas rotas é valorizar o patrimônio cultural brasileiro, oferecendo novas perspectivas para os visitantes e impulsionando o desenvolvimento econômico local.
“Fomos a Capital Mundial do Livro. E este título não é à toa. Temos uma literatura reconhecida mundialmente, mas ainda era pouco explorada turisticamente. Agora o turista que vem ao Rio pode conhecer a cidade através de Machado de Assis e Lima Barreto. É uma outra maneira, um outro olhar da cidade, tão incrível quanto os outros”, diz.
Guia pioneira das rotas cariocas dedicadas à literatura oferece uma experiência imersiva no turismo literário

Antes mesmo de a Embratur lançar o programa, o turismo literário já ganhava entusiastas na cidade pelas mãos da guia Juliana Fiúza, 30 anos, criadora do projeto Papo de Guia Rio. Em 2016, ela idealizou o roteiro Rio Literário, o primeiro dedicado à literatura na capital fluminense. Segundo a pioneira das rotas literárias cariocas, a iniciativa inspirou as da Embratur, com as quais chegou a colaborar na fase inicial do projeto.
Formada em Turismo e apaixonada por literatura, ela percebeu o potencial pouco explorado da cidade como cenário de narrativas literárias.
“O motivo de ter criado o Rio Literário foi enxergar o potencial do turismo cultural na cidade, que não era devidamente explorado. O Rio, por ter sido a capital mais longeva do país, acabou se tornando um local que alimentou a imaginação de muitos escritores. Então, você tem ruas em que vários personagens se cruzam dentro da obra do mesmo autor ou de autores diferentes”, afirma Juliana.
A guia explica que os passeios percorrem as ruas e locais mencionados nas obras. Para inserir as pessoas no clima do texto, ela leva os trechos citados. “Eu levo um trecho do livro e as pessoas leem no lugar exato em que a cena aconteceu, como A Mão e a Luva, romance de Machado de Assis, que se passa na Rua da Constituição. Então, dessa maneira, o roteiro fica bem imersivo.”
A aconselhadora biográfica Angela Vega Martinez, 61 anos, é fã do turismo literário e já fez alguns com Juliana, sozinha e em família. Ela considera a oportunidade importante para conhecer não só os pontos turísticos como sua história.
“Os roteiros que já fiz foram muito interessantes. Gosto da imersão que ela oferece fazendo uma composição de história, cultura, personagens e curiosidades”, afirma ela, que já fez os tours “O Rio de Lima Barreto” e “O Rio de Machado de Assis.”
Entre os pontos visitados nas rotas de Juliana estão o Real Gabinete Português de Leitura, a Biblioteca Nacional, a Casa Cavé, a Rua Santa Luzia e a Cinelândia. Além de Machado de Assis, esses locais estão ligados à história de escritores como Lima Barreto e Júlia Lopes de Almeida.
Nestes dez anos de trabalho, Juliana conta que a procura de tours por professores também aumentou.
“Tem uma professora de Minas que todo ano traz a turma antes das provas finais”, conta ela, que também já teve a oportunidade de guiar a sobrinha-neta do escritor Lima Barreto, no tour que leva seu nome.
As rotas da Embratur estão disponíveis aqui, com acesso gratuito aos audioguias. Os roteiros literários de Juliana, que inclui ainda a rota ‘Sebos e Livrarias”, podem ser acompanhados no perfil @papodeguiario.


