Pegar o bonde de Santa Teresa para ver o pôr do sol no Largo das Neves ou aproveitar o happy hour do revisitado Beco da Sardinha? Tem festinha no Dois de Fevereiro e samba revelação em Realengo.
Partiu?
No verão do Rio nunca faltou opção — nem oportunidade. Não seria diferente na temporada 2025. Quer Caetano e Bethânia no réveillon? Tem, sim senhor. E Anitta? Também!
E tem muito mais.
Novos velhos pontos do verão
No capítulo flanar pela cidade, duas boas notícias. Felizes com a anunciada volta da linha do bonde, os donos de bares do Largo das Neves, em Santa Teresa, tiram a poeira dos balcões para reabrir as portas no lugar mais bonito do bairro — com direito a um pôr do sol espetacular.
A cerveja geladíssima é a especialidade das casas.
Retorno também é a palavra-chave do Beco das Sardinhas, que nos anos 80 reunia multidões de fãs dos peixinhos fritos. Criado por dois portugueses, trata-se de uma parte da Rua Miguel Couto, no Centro, ocupada por bares que tinham como a estrela do cardápio a sardinha aberta, empanada, apelidada de “frango marítimo”. O povo responsável pela revitalização do Largo de São Francisco da Prainha, que fica ali pertinho, voltou agora as suas baterias para o saboroso beco.
Rafael Vidal, da Casa Porto e companhia, promete chegar lá, em breve, com o boteco Capiau, equipado com forno a lenha e, claro, com programação musical na happy hour. Outro que está prestes a abrir as portas é o Ibéricos, cujo cardápio remete às origens dos bares locais. As novas casas juram que vão conviver muito bem com o Bar Ocidental, do português Fernando Barbosa, que chegou à Miguel Couto nos anos 1950 e é o único remanescente da fase áurea.
A melhor época do ano para o baticum
Verão que se preza, no Rio, significa samba na veia. E, no quesito, vale a atenção às dicas de quem entende.
Tiago Prata, o Pratinha, ás do violão de sete cordas e um dos comandantes do Bip Bip, elenca as rodas de samba que têm tudo para ser as aclamadas da estação. Uma delas é a do Terreiro de Crioulo, em Realengo — que, apesar de já ter 12 anos, soa como novidade aos ouvidos da maioria dos cariocas.
Rola partido alto, samba enredo, de roda, de terreiro, jongo, maculelê… Monarco, Almir Guineto, Sombrinha e Marquinhos de Oswaldo Cruz já estiveram lá. Teresa Cristina e Marina Iris também. Nei Lopes foi na edição do aniversário de 12 anos. A sede do grupo é o Quintal do Terreiro, na Rua do Imperador, onde tem samba todo primeiro sábado do mês. Mas, de vez em quando, a turma circula. Já teve Terreiro de Crioulo no Renascença, por exemplo. Questão de oportunidade, lembra?
E por falar em Marquinhos de Oswaldo Cruz, a Feira das Yabás segue fervendo. Passou mais um ano fazendo sucesso no bairro de Oswaldo Cruz (do ladinho de Madureira) e ganhou edições esporádicas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Fique atento.
Mas Pratinha tem sua aposta master.
“A minha roda de samba preferida em 2024 e que tenho esperança que siga pelo verão e tempos que virão, foi a do Terreiro de Mangueira. Numa laje aos pés do Morro de Mangueira, começando ali pelo final da tarde — sempre num sábado. A roda tem como preceito o respeito ao samba — logo, respeito ao seus compositores, suas letras e harmonias bem tocadas. Nada daqueles intervalos intermináveis, com música alta tocando tudo menos samba, fazendo a roda virar um evento pra agradar a quem não gosta de samba — que tem sido uma constante insuportável por aí”, explica Pratinha.
“Outra regra da roda é só tocar samba bonito, de preferência, com todo mundo cantando ao lado — e tem que cantar mesmo, pois a roda não tem microfones. O respeito ao samba passa, também, principalmente num tipo de roda como esse, por não ficar conversando ao lado da roda, o que acaba atrapalhando tudo. Quem não sabe a música, vai aprender ou vai pegar uma cerveja, que é sempre gelada!”, avisa.
Mas os amantes de samba enredo e Sapucaí não perdem por esperar. A temporada 2025 vai ter ensaios duplos. Cada escola de samba vai passar duas vezes pela avenida no esquenta para o desfile oficial.
Opções até para quem tem mais de 40. Ops!
Nem só de samba vive o carioca, e o DJ Julio “EleMesmo” Trindade também tem os seus pitacos.
“Eu acho que os happy hours no Dois de Fevereiro e a retomada do Beco da Sardinha, com a abertura do Capiau, prometem”, aposta.
Ué, mas o som no Dois de Fevereiro não é você quem faz?
“Vou puxar a sardinha pro meu lado”, brinca. “Mas no Capiau eu nem devo tocar”.
Julio também acredita no sucesso das festas para os 40+, que vivem reclamando porque não se reconhecem mais nos eventos que rolam no Rio. Tem festa nova, como a Cocoon, a Jovens Idosos e a Terapia — e tem a volta das que nunca deveriam ter ido, como as consagradas Bailinho e Modinha!
É festa com mais conforto, lugar para sentar, bebidas e comidas elaboradas. Mas pistas cheias como antigamente e um som que, segundo os DJs, não tem cara de flashback. É festa boa, e sem perrengue.
Bares para ouvir música
Outra tendência do verão são os listening bars — em bom português, bares para ouvir… música.
A novidade chegou no ano passado, mas, devagarinho, foi se instalando pelas mais variadas regiões da cidade. Do aristocrático Elena, no Horto; ao Celeste, na Lapa; passando pelo Flora e sua linda vista para a Praia de Copacabana, são bares para os audiófilos — contam com um sistema de som de alta fidelidade e uma seleção musical acurada.
A estreia mais esperada do cinema nacional
Mas, se depois de tudo isso, o caro leitor suspirar e disser que não abre mão do ar condicionado, é bom saber que chega aos cinemas no próximo dia 7 o já bombado “Ainda estou aqui”, com a magistral Fernanda Torres, que foi aplaudido por dez minutos consecutivos em Veneza.
Prefere rir no fresquinho? Vai estrear, no dia 25 de dezembro, o “Auto da Compadecida 2”.