Usuários de planos de saúde da Unimed Ferj enfrentaram grandes filas na loja de atendimento no Centro do Rio, na manhã desta quarta-feira (4). O motivo, segundo os relatos dos clientes, é a indisponibilidade de atendimento online e por telefone.
As principais demandas são a emissão da segunda via de boletos de pagamento além de casos de cancelamento unilateral de planos, por parte da prestadora. Em ambos os casos, clientes tiveram de ir presencialmente a fim de obter o serviço e os esclarecimentos necessários.
Grande parte dos usuários são pessoas idosas. Cabe ressaltar que, de acordo com o Estatuto do Idoso, esse público tem prioridade no atendimento e aqueles com mais de 80 anos ainda têm direito à prioridade especial.
Diversas reclamações
A estudante Roni Filgueiras, moradora de Botafogo, na Zona Sul, relatou ter passado a manhã inteira tentando pegar uma segunda via de boleto de um plano de saúde. Ela também reclama de uma majoração autorizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de 21,1%, sendo que o teto é de 20%.
“O detalhe é que a ANS autorizou excepcionalmente para a Unimed Ferj esse aumento, enquanto para todas as demais operadoras de planos de contratos privados o aumento autorizado foi de 6%. Então eu queria saber, da própria ANS, por que a Unimed teve esse privilégio frente às outras operadoras”, reclamou.
Por sua vez, Ana Cláudia Calomeni, moradora do Flamengo, disse que também passou toda a manhã na loja em busca de uma segunda via. Entretanto, a usuária do plano é sua mãe, de 86 anos. De acordo com Ana, não foi possível realizar a emissão pelo site.
“A gente não consegue atendimento pelo site, não consegue ser atendida no canal de atendimento, nos canais tradicionais, então eu estou aqui na Unimed, a manhã inteira, esperando para emitir o boleto, isso é um absurdo, uma falta de respeito”, esbravejou.
Já Daphne Madeira relatou ter perdido a manhã de trabalho porque precisou ir presencialmente à loja devido à dificuldade de ser atendida online e por telefone.
“Acho absurdo fazer isso com a população, milhares de pessoas estão aqui na fila, estão reclamando, estão esperando, ninguém é atendido e o site fora do ar, ouvidoria fora do ar, sem ter comunicação com o consumidor”, afirmou.
Outra que perdeu compromissos profissionais foi a professora Angélica Castilho. Ela relatou que não recebe o boleto há três meses e que a plataforma para emitir através do site está fora do ar.
“Sou professora universitária, deveria estar em sala de aula trabalhando agora, mas estou na fila da Unimed. Então eu precisei de um colega para estar no meu lugar para poder vir aqui resolver uma coisa que, por má gestão, falta de capacidade administrativa, a gente não consegue à distância”, disse.
CPI vai convocar Unimed
As reclamações chegaram ao deputado Fred Pacheco (Mobiliza), presidente da CPI dos Planos de Saúde da Assembleia Legislativa (Alerj). O parlamentar disse que irá convocar a Unimed Ferj para prestar esclarecimentos sobre o episódio.
“Isso mostra como o consumidor vem sendo prejudicado pelos planos de saúde. Na condição de deputado que preside uma CPI que investiga exatamente essas empresas, a Unimed Ferj será convocada para dar esclarecimentos sobre as práticas que utiliza nessa relação com os contratantes, que vão desde o descaso até ao descumprimento de decisões judiciais que asseguram o tratamento de pessoas com deficiência”, disse.
O TEMPO REAL entrou em contato com a Unimed Ferj, mas, até o fechamento deste texto, a prestadora não havia se manifestado.