Entre Copacabana e Ipanema, em uma galeria estreita da Rua Gomes Carneiro, habita um acervo de mais de 30 mil filmes. Quem garante o número generoso é José Carlos Alves Menezes, de 63 anos. Zé Carlos, como é conhecido pelos clientes, comanda a Storm Video, uma das últimas locadoras de filmes do Rio de Janeiro.
Quem se aventura pelos corredores da resiliente locadora carioca, é recebido pelo proprietário, que assumiu negócio ainda na década de 1990, e presenciou, ao longo dos anos, algumas das ascensões e a quedas do setor. Seja sufocada por grandes corporações, ou simplesmente perdendo espaço para a internet e a pirataria, independente da força das marés, a Storm se mantém firme.
A locadora e sebo da Zona Sul recebe um público variado: de idosos avessos às novas tecnologias, até jovens estudantes de cinema. Mais variado ainda é o cardápio. Dividido em categorias como “terrorismo”, “transtornos psíquicos” e “julgamento”, a loja também oferece prateleiras inteiras dedicadas a grandes cineastas e obra não-estadunidenses.
Cinéfilo? Nem tanto
Apesar de não se declarar exatamente um cinéfilo, Zé Carlos apostou — e pretende apostar ainda mais — uma vida inteira no negócio. Prestando um serviço que, mesmo em tempos de streaming, é valoroso: o de compartilhar um acervo rico em clássicos, que nem sempre estão facilmente disponíveis na internet em boa qualidade. Mesmo quando estão, os títulos ficam à mercê de plataformas de catálogos flutuantes. Ou seja, mesmo pagando a assinatura, o espectador não tem controle sobre aquele acervo.
Para as tendências do futuro, o comerciante não se mostra nem otimista, nem pessimista. Apenas aberto ao que os próximos anos ainda prometem para o empreendimento.
“Assim como o disco de vinil voltou, surpreendentemente, a ser popular, o mesmo pode acontecer com os DVDs. Mas é impossível prever o futuro”, diz Zé Carlos, garantindo que espera ter ainda mais 30 anos de vida — e mais 30 anos de Storm.