Nesta terça-feira (3), a Assembleia Legislativa (Alerj) foi palco de mais uma polêmica. Já no expediente final da sessão plenária, o deputado Elton Cristo (PP), declarou repúdio à soltura do MC Poze do Rodo. Foi a centelha para o início de um acalorado debate, que durou quase duas horas.
“Nada contra a pessoa do MC, ou à cultura do funk, mas sim a apologia ao Comando Vermelho. E para os policiais que lutam todos os dias para defender a população, aqui vai uma palavra para vocês: não desanimar. Nós estamos perdendo essa guerra de goleada”, declarou o parlamentar.
A fala foi direcionada à Dani Monteiro (PSOL). A deputada participou da sessão desta terça com um boné escrito “MC não é bandido”, frase usada por Poze em uma declaração nas redes sociais.
“Se Poze cometeu algum crime, que ele responda a esse crime. O combate ao crime se faz necessário sim. Mas criminoso é aquele que pega na arma e lucra com venda de ilícitos”, defendeu Dani Monteiro.
Emocionada, a parlamentar voltou a se defender no final da sessão: “Eu quero que o processo legal seja respeitado. Eu não levanto bandeira para facção. Só quem já perdeu alguém sabe o quanto o tráfico é danoso”.
A Dani Monteiro, no entanto, ficou sozinha na discussão. Além de Elton Cristo, Douglas Gomes, Alexandre Knoploch, Rodrigo Amorim e Renan Jordy, todos do PL, se pronunciaram contra a soltura do MC Poze e ao boné usado pela deputada. O deputado Marcelo Dino (União), também seguiu a posição dos colegas.
Sobrou até para o Oruam
Na fala, Douglas Gomes ressaltou a participação do cantor Oruam nas manifestações que aconteceram depois da prisão de Poze.
“Quem tem o rosto de ‘Elias Maluco’ tatuada no corpo é bandido. Ele é o responsável pelo assassinato do jornalista Tim Lopes. E é o rosto dele que Oruam tem cravado no corpo”, disse.
Elias Maluco é considerado um dos maiores traficantes de droga do Rio. Em 2020 ele foi encontrado morto dentro de uma cela. Ela estava preso desde 2002.
O funkeiro Oruam, que é amigo de Poze, também publicou um vídeo na garupa de uma moto, sem capacete, e comemorando a decisão de soltura do artista.
Poze é solto, mas cumpre medidas cautelares
O funkeiro MC Poze do Rodo foi solto na tarde desta terça-feira (3). A decisão foi tomada pelo desembargador Peterson Barroso Simão, da 5ª Câmara Criminal, que concedeu habeas corpus ao artista.
Na decisão, o desembargador criticou a forma como a prisão foi realizada, apontando possíveis excessos na atuação da Polícia Civil. Segundo ele, há indícios de que MC Poze foi tratado de forma desproporcional, algo que deverá ser apurado.
Apesar de ter sido solto, o funkeiro deverá cumprir algumas medidas cautelares, como: comparecer mensalmente à Justiça para informar suas atividades; não se ausentar da cidade sem autorização; manter telefone atualizado para contato; e não ter qualquer tipo de comunicação com outros investigados, testemunhas ou pessoas ligadas à facção criminosa Comando Vermelho.
MC é investigado por apologia ao crime
Segundo a polícia, MC Poze do Rodo teria envolvimento com o tráfico de drogas é acusado de fazer apologia ao crime organizado nas letras das músicas. As apurações apontam que o cantor realiza shows exclusivamente em favelas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), sempre com a presença de traficantes fortemente armados, que garantem a segurança do evento.
No dia 17, um baile funk na Cidade de Deus, na Zona Oeste, com show de MC Poze do Rodo, virou alvo da Polícia Civil depois da divulgação de imagens que mostram traficantes com fuzis no meio da plateia.
Mulher do cantor também é investigada
Também nesta terça, Viviane Noronha, mulher do cantor MC Poze do Rodo, foi alvo de uma operação contra um esquema de lavagem de dinheiro que envolve a cúpula do Comando Vermelho (CV).
A investigação identificou depósitos suspeitos nas contas pessoal e empresarial de Viviane. De acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o dinheiro seria proveniente de supostos “laranjas” ligados a Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, um dos chefes do tráfico no Rio, morto no último domingo (1º).
A polícia esclareceu que essa operação não tem relação com o processo que levou MC Poze à prisão na semana passada.