O Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ) e a Central de Movimentos Populares (CMP) produziram o relatório de pesquisa “Panorama das Ocupações na Área Central do Rio de Janeiro” com as ocupações de imóveis vazios ou abandonados na área central da capital fluminense.
Além de destacar a falta de políticas públicas de habitação, a publicação também visa chamar a atenção para a necessidade de visibilizar as ocupações como uma forma de reivindicar direitos.
De acordo com o levantamento, as transformações, especialmente a Operação Urbana Consorciada do Porto Maravilha, resultaram em mudanças significativas para a região portuária, mas também ameaças à permanência da população de baixa renda.
Os organizadores Bruna Ribeiro, Bruno Frazão, Orlando Alves dos Santos Junior e Tarcyla Fidalgo destacam ainda a questão da reparação aos negros que historicamente ocuparam a região:
“É notável como estatisticamente a população negra e pobre ocupa um lugar importante, e por vezes invisível, de vulnerabilidade dentro do território da região central conhecido como “Pequena África”, o que mostra a necessidade e a urgência do debate sobre a reparação ao Povo Negro no direito à Moradia. A realidade de centenas de famílias ainda exige mudanças radicais e aceleradas, uma vez que segurança e dignidade deveriam ser direitos garantidos de forma universal. É por essa razão que tem sentido interpretar as ocupações como formas de cidadania insurgente, reivindicando o direito à moradia dos seus ocupantes”, destacaram os pesquisadores.