Lá se vão três semanas de campanha, e os candidatos do União Brasil no município do Rio ainda estão sobrevivendo sem um único centavo do Fundo Eleitoral. Bem, quase todos. Jorge Canella — que, como o nome de urna não deixa dúvidas, é afilhado politico do deputado estadual Márcio Canella — é a milionária exceção. Segundo o site Divulgacand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estreante já recebeu R$ 1.956.000,00.
Nem mesmo o postulante a prefeito do Rio, Rodrigo Amorim, viu a cor do dinheirinho do União. E olha que só nesta quinta-feira (5), a Justiça Eleitoral decidiu que ele não pode mesmo receber recursos partidários, já que seu registro foi indeferido. Mas a campanha começou no dia 16 de agosto. E, até ontem, nada.
Os outros candidatos a vereador estão bem chateados. Há até quem cogite desistir da empreitada. Com acesso direto aos caciques mais poderosos, Canellinha — como o moço é conhecido, com uma pitada de ironia — recebeu os quase R$ 2 milhões diretamente da direção nacional do partido. O restante da tropa ainda espera o dinheiro ser repassado ao diretório estadual para, só então, ser distribuído entre os aspiras em todos os municípios.
“A disputa é desigual. Já estamos quase na metade da campanha e não entrou um real”, reclamou um dos que vive a situação de penúria.
Canella, o deputado e candidato a prefeito de Belford Roxo, é um dos mais antigos filiados ao União, remanescente do velho PSL pré-Bolsonaro, e um aliado muito próximo do presidente nacional do partido, Antônio Rueda, no Rio.
Tem, além da chave do cofre, muita ascendência sobre a divisão do tempo de TV pelos aspirantes a uma cadeirinha no Palácio Pedro Ernesto — o que também tem gerado muitas queixas e insatisfação.
Se administrar qualquer nominata é batata quente no período da eleição; a do União está mais para brasa incandescente, a esta altura da corrida rumo às urnas.