O secretário de Polícia Civil do Rio, delegado Felipe Curi, informou que o rapper Oruam foi indiciado pelos crimes de associação ao tráfico de drogas e ligação com o Comando Vermelho (CV). A notificação ocorre após uma confusão durante uma ação policial, na noite desta segunda-feira (21), na residência do artista, no Joá, Zona Oeste.
De acordo com a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o objetivo da ação era a apreensão de um adolescente que, segundo a Polícia Civil, estava com o MC no momento da abordagem.
Segundo os agentes, o menor possui um mandado de busca e apreensão em aberto e é apontado como um dos seguranças de Edgar Alves de Andrade, o Doca, um dos chefes do Comando Vermelho. O adolescente também é investigado por envolvimento em roubos de carros.
Policiais foram atacados a pedradas
A equipe da DRE montou um cerco próximo à residência do cantor. Quando Oruam e o menor saíram da casa, os policiais realizaram a abordagem. Ainda segundo a corporação, o artista não era alvo inicial da operação.
No momento em que os agentes colocavam o jovem na viatura, foram atacados a pedradas por pessoas que estavam na região. Um dos policiais foi atingido e, na confusão, o adolescente conseguiu escapar. Oruam teria deixado o local junto com ele.
Durante a ação, um homem que estaria entre os agressores foi preso em flagrante dentro da casa do cantor. Ele foi autuado por resistência, desacato, lesão corporal e dano ao patrimônio público.
‘Marginal faccionado’
O delegado Felipe Curi, em entrevista ao Bom Dia Rio, destacou que o cantor vai responder por associação para o tráfico de drogas, resistência qualificada, dano ao patrimônio público e desacato. O secretário ainda classificou o artista como um “marginal faccionado”.
“Após esse evento, ele fugiu, se escondeu, no Complexo da Penha. Gravou um vídeo que é uma confissão. Trata-se de um marginal faccionado ligado à facção Comando Vermelho. E desafiando as autoridades de segurança pública a irem até lá para fazer a captura dele”, enfatizou Curi.
Oruam critica a ação policial
Nas redes sociais, Oruam e sua noiva, Fernanda Valença, publicaram vídeos criticando a ação policial. Eles afirmam que mais de 20 viaturas da DRE chegaram à casa e que os agentes não apresentaram mandado judicial, além de usarem força excessiva durante a abordagem.
Horas depois, Oruam publicou um vídeo afirmando estar no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, mas não comentou sobre o paradeiro do adolescente.
Oruam é o nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno. Ele é filho de Marcinho VP, chefe da facção criminosa Comando Vermelho, preso por assassinato, formação de quadrilha e tráfico. O rapper tem uma tatuagem em homenagem ao pai e também ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
Oruam foi preso em flagrante em fevereiro
Este não é o primeiro problema do rapper Oruam com a Polícia Civil.
No dia 26 de fevereiro, o artista foi preso em flagrante por abrigar um foragido da justiça em sua residência. O fugitivo, identificado como Yuri Pereira Gonçalves, de 25 anos, foi encontrado com uma pistola 9mm, munição e um kit-rajada durante uma operação de busca e apreensão em dois endereços ligados ao cantor.
Horas depois, Oruam assinou um termo circunstanciado e foi liberado. O termo circunstanciado é aplicado em situações que envolvem infrações de menor potencial ofensivo. Após deixar a delegacia, o rapper afirmou que o fugitivo não era “traficante”, mas sim “uma pessoa normal e seu amigo”.
Detido pela PM e o projeto ‘anti-Oruam’
No dia 20 do mesmo mês, Oruam também chegou a ser detido pela Polícia Militar na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a PM, o artista realizou uma manobra arriscada na contramão para fugir da abordagem policial. Imagens que viralizaram nas redes sociais mostram o momento em que ele foi colocado dentro de uma viatura da PM.
Oruam virou alvo de projetos de lei em todo o país para proibir a contratação de shows, artistas e eventos voltados ao público infantojuvenil que promovam apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas. Um exemplo é a cidade de São Paulo, que apresentou uma proposta apelidada de “lei anti-Oruam”.