O jornalista Thiago Teixeira se considera um operário do samba. E em 2023, decidiu iniciar uma espécie de “prestação de serviço” aos músicos e público que, assim como ele, também fazem o espetáculo acontecer, nos bares e ruas do Rio de Janeiro. Assim, nasceu o “Que tal um Samba?“, uma página no Instagram que, atualmente, conta com mais de 52 mil seguidores.
O perfil, dedicado a divulgar eventos e rodas de samba, também busca valorizar aqueles que são, para Thiago, os protagonistas do movimento. Para ele, o “Que tal um samba?”, ao ajudar a contar as histórias dos músicos, dos trabalhadores e do público, também ajuda a manter essa tradição viva. E claro, fortalecer o “corre” daqueles que fazem o samba acontecer no Rio.
“Nosso papel é levar informação e dar ainda mais visibilidade a quem faz o samba acontecer — do artista aos bastidores, como produção, bar e segurança. Queremos ser a ponte entre esses universos e o público, sempre com respeito e amor pelo samba”, diz.
É o povo quem produz o show e assina a direção
Entre os eventos que atribuem seu sucesso de público, em parte, à divulgação do “Que tal um samba?”, está o “Pagode 90”. Fernanda Carolina, produtora de eventos de samba há mais de dez anos, há três fundou o evento, que consiste num grupo que busca resgatar a nostalgia da década de 1990, em um formato de roda de samba.
O evento começou na Casa do Nando, considerado um quilombo cultural urbano. Segundo Fernanda, o “Que tal um samba?” entrou na história do “Pagode 90” ainda no início de tudo, e foi fundamental para difundir e fazer o evento “viralizar”.
“Eles foram fundamentais para que hoje o pagode 90 tenha se difundido e viralizado. O nosso evento tem a proporção que tem, porque ‘Que tal um samba?’ abraçou o projeto e a sua maneira inovadora de fazer entrevistas e de abordar as pessoas no samba, fez com que o ‘Pagode 90’ fosse notado”, diz.

Em sua trajetória, o “Que tal um samba?” já entrevistou grandes nomes, como Tia Surica, Grupo Fundo de Quintal, Rildo Hora, Jorge Aragão, Péricles, Toninho Geraes, Ferrugem, Salgadinho, Tia Gessy, Tiee, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Zé Roberto, Adilson Bispo, Marquinho PQD, Serginho Meriti, Diogo Nogueira, Dudu Nobre, Teresa Cristina, entre outros.
A página também já conversou com personalidades que são referência no samba, como Paolla Oliveira, Carlinhos de Jesus, Luiz Antônio Simas e Milton Cunha. O futebol também tem seu espaço, com ex-jogadores como Zico, Andrade e Fellipe Bastos falando sobre sua relação com o ritmo. A produtora Fernanda Carolina ressalta o “fortalecimento mútuo”.
“Pessoas e projetos como o ‘Que tal um samba?’, não só fortalecem o nosso corre, como fortalecem o nosso projeto. E é um fortalecimento mútuo. A gente fortalece a página deles entregando conteúdo de qualidade, e eles fortalecem o nosso rolê divulgando e impulsionando a nossa marca”, conta a produtora.
Samba é compromisso
No final de 2024, o projeto recebeu uma Moção de Aplausos na Assembleia Legislativa do Rio, pela valorização do samba no estado. A proposta foi do deputado Jari Oliveira (PSD). Além de Thiago Teixeira, a página também conta com a parceria do designer Eduardo Angelicci, responsável pelas artes da página, e com o videomaker João Ricardo, que faz a cobertura audiovisual dos eventos. Mas, os realizadores não se identificam como uma página “influenciadora”, e sim como jornalística.
“Somos uma página jornalística. Não nos identificamos como uma ‘página influenciadora’. A gente mostra as rodas de samba como opções culturais e de entretenimento ao público. Nosso papel é ser um canal para contar histórias que valorizem e promovam essa música. Os verdadeiros influenciadores são os músicos, os compositores, os intérpretes. Nós apenas contamos suas histórias”, comenta Teixeira.

As pontes criadas pelo espaço de divulgação, também são um terreno fértil para parcerias. É o caso da relação criada entre a página e o Manga Bar. Michael Soares, dono do estabelecimento localizado na Mangueira, diz que a equipe do “Que tal um samba?” esteve ainda na inauguração e a relação de trabalho (e troca), virou uma amizade, construída a partir da paixão em comum pelo samba.
“Entendemos que tínhamos um carinho mútuo pelo samba, e desde então nunca mais paramos de nos falar. Toda vez que eles vão lá, são sempre bem acolhidos, e todas as vezes que eles citam o ‘Manga’ na página, também recebemos com muito carinho”, diz.
Já o “Café, samba e pingado”, um evento que existe há cerca de dois anos, apostou na página para ajudar a desmistificar a proposta, e aproximar os curiosos. O samba funciona assim: bem cedo, ainda no café da manhã, e é frequentado por, segundo o próprio responsável pelo evento, Lucas Vicente, o “pessoal mais velha guarda” que gosta de curtir, mas também de chegar cedo em casa.
“O vídeo que eles fizeram chegou a mais de 150 mil, a gente ganhou muitos seguidores, pessoas novas que vieram conhecer o projeto através deles, e isso impulsionou demais. Tanto nossa página quanto o samba presencial. Foi muito bom para a gente, e é uma troca muito boa”, diz.
Além de continuar cobrindo eventos e realizando entrevistas, o “Que tal um samba?” tem um projeto em andamento: mapear e cobrir as mais de 150 rodas de samba credenciadas no Rio, além de outras já identificadas.
“Nosso objetivo é ser um holofote para o samba e seus protagonistas, garantindo que essa cultura continue brilhando e alcançando ainda mais pessoas”, finaliza Thiago Teixeira.