Depois de patinar por 11 anos na burocracia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, o condomínio residencial que poderia ocupar o terreno de três mil metros quadrados na esquina da Avenida Presidente Antônio Carlos com Rua Santa Luzia — e ser uma potente alavanca na retomada do Centro do Rio — agora esbarrou num entrave empresarial.
O imóvel tem entre seus donos o Fundo Performance de Investimentos Imobiliários, que pode ser dissolvido em até 180 dias, após perdas de 73,16%, levando para o buraco o empreendimento. A Tivio Capital, administradora do fundo, anunciou a intenção de renunciar, mas permanecerá por mais seis meses para tentar destravar o projeto imobiliário, que está parado desde 2013. A notícia foi publicada, em primeira mão, pela jornalista Fernanda Pontes, da coluna de Ancelmo Gois no jornal “O Globo”.
Em assembleia que teria sido realizada em 4 de dezembro, a decisão sobre o futuro do fundo não foi unânime: entre os 14 cotistas, parte já defende a liquidação imediata.
Terreno está vazio e atualmente é usado como estacionamento
A ideia é construir no terreno um condomínio residencial, com lojas no térreo e, no meio, uma praça pública — o que abriria a vista para a Santa Casa da Misericórdia, uma das joias da arquitetura do Centro, hoje escondida por tapumes e muros. O terreno está vazio, e é usado apenas como estacionamento.

Mas o projeto está há 11 anos esperando a autorização do Iphan — que não é responsável pelo espaço, mas pelo prédio da vizinha Santa Casa. Primeiro, o instituto quis preservar um muro — que, depois de perícia técnica especializada, ficou provado não ter valor histórico ou arquitetônico. Depois, exigiu mudanças na arquitetura dos prédios. Em seguida, alterações no afastamento entre as edificações.
O fato é que, entre os diferentes empecilhos, já se passou mais de uma década.
E nada.
Com a construção, a Santa Casa ganharia fôlego para a sobrevivência do prédio histórico no Castelo
Além de ter se beneficiado com a venda do terreno para a construção do empreendimento, a Santa Casa receberá unidades no novo residencial — um reforço financeiro importante para a instituição, que presta relevante serviço de assistência social.
Serão duas torres de apartamentos, com 82 metros de altura cada, alinhadas ao edifício do Ministério da Fazenda, que fica exatamente do outro lado da rua.

