Uma operação conjunta da Polícia Civil e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), realizada nesta quarta-feira (9), tem como alvo um esquema de “lixão do tráfico” no Parque Alegria, favela do Caju, na Zona Norte do Rio. O prejuízo ambiental causado pela prática é estimado em quase R$ 5 milhões.
Batizada de “Operação Expurgo”, a ação revelou que traficantes do Terceiro Comando lucravam cobrando de empresas para despejar resíduos de forma irregular na área. Nesta quarta-feira, os agentes cumprem 14 mandados de busca e apreensão e, até o momento, um suspeito foi preso em flagrante.
Uma das empresas tinha contrato com a prefeitura
Ao todo, dez empresas foram identificadas no esquema. Entre elas, uma possuía contrato com a Prefeitura do Rio. A investigação apontou que funcionários dessa empresa vinham desviando maquinários e equipamentos para auxiliar no funcionamento dos lixões clandestinos, explorados economicamente pelo tráfico de drogas, o que contribuía para a continuidade da atividade criminosa.
As investigações começaram após denúncia do Inea, que apontava o crescimento de um grande lixão entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. O objetivo do tráfico era usar as toneladas de entulho para aterrar terrenos desocupados e triplicar a área ocupada pela favela. Assim, com o aterramento, o lençol freático foi contaminado e a vegetação de mangue morreu.
“Seguimos realizando operações policiais para combater o crime organizado diariamente, também com foco na asfixia financeira. Já bloqueamos diversos bens e recursos das facções e das milícias no estado. Não vamos recuar até devolvermos a paz e a ordem à população de bem que mora nas comunidades”, ressalta o governador Cláudio Castro (PL).
Empresas envolvidas preferiam pagar aos criminosos
A operação é conduzida pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). A investigação revelou que o tráfico passou a lucrar com o esquema, já que as empresas envolvidas preferiam pagar aos criminosos, que cobravam menos do que os centros de tratamento credenciados pela prefeitura.
“As facções criminosas agem sempre para ampliar seus territórios e não se importam em cometer crimes ambientais na busca pelo aumento de sua área de influência e de seu faturamento. A ação da Polícia Civil tem o objetivo de impedir esse crescimento criminoso, garantindo também a proteção ao meio ambiente”, cita o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Penalidades
Diante do dano ambiental estimado, a DPMA representou pela medida cautelar de apreensão de 17 caminhões pertencentes às empresas envolvidas. A Justiça deverá se manifestar sobre o pedido após a operação.
Na ação desta quarta-feira, técnicos do Inea irão dimensionar a quantidade de detritos acumulados no lixão do Caju e a extensão da poluição causada ao meio ambiente — dados essenciais para calcular o valor das multas que serão aplicadas às empresas responsáveis. De acordo com a legislação vigente, as penalidades por crimes ambientais podem chegar a R$ 5 milhões.