Atropelado por Flávio Bolsonaro nesta quarta-feira (21), o PL do Rio ficou atônito com o vídeo no qual o senador anuncia o apoio do partido à reeleição do prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho (PP). Embora até diga que o PL está à disposição de Wladimir, Flávio tomou a decisão sem consultar ninguém do partido.
A executiva estadual, ao contrário, já havia fechado questão com o União Brasil, que, a partir de março, será comandado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar. Campos é o berço político da família Bacellar — historicamente, adversária dos Garotinho.
A bancada do PL na Assembleia está perdida. E dividida. Os deputados não querem apoiar Wladimir, e temem ter problemas com o presidente da casa. Um dos mais ativos bolsonaristas em Campos, Filippe Poubel, tinha dado uma entrevista, na mesma quarta-feira, detonando a família Garotinho. Por outro lado, também não ousam desafiar a autoridade de Flávio Bolsonaro.
Esta é a segunda vez que o PL puxa o tapete de Bacellar. Em fevereiro do ano passado, parte do partido (incluindo o presidente estadual, Altineu Côrtes) chegou a lançar a candidatura de Jair Bittencourt à presidência da Assembleia, quebrando o que já havia sido combinado com o campista. Em cima da hora, a candidatura dissidente acabou sendo retirada. A rusga, porém, deixou marcas que persistiram até pouco tempo atrás.
Na última terça-feira, véspera da divulgação do vídeo de Flávio, Bacellar tinha batido com o governador Cláudio Castro (PL) como seria a atuação conjunta entre os dois partidos em cada um dos municípios fluminenses. Na ocasião, o combinado foi que os liberais acompanhariam o União Brasil em Campos.
Enquanto a turma do PL bate cabeça, quem bate palmas é Eduardo Paes (PSD). O prefeito do Rio já conquistou a executiva nacional do União — leia-se Antônio Rueda. Mas esbarra numa ferrenha oposição por parte de Bacellar. Agora, que o presidente da Assembleia foi traído, mais uma vez, pelo PL, quem sabe o gigante acaba aderindo à aliança de Paes pela reeleição.