Tradição na Semana Santa, os ovos de chocolate têm surpreendido os consumidores pelos altos preços nos supermercados. A matéria-prima, o cacau, encontra-se em alta desde outubro do ano passado por causa dos efeitos climáticos. A reação em cadeia atingiu em cheio os ovos de Páscoa vendidos em lojas e supermercados.
Mas isso não significa que o brasileiro vai deixar de presentear com o doce, e os ovos artesanais têm despontado no gosto popular. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a QuestionPro, 76% dos consumidores preferem ovos de chocolates feitos por pequenos empreendedores, em detrimento aos feitos por grandes empresas.
Izabella Braz, da Chocolatou Ateliê, é uma das jovens que aposta nesse nicho de mercado. A atividade que começou com venda de trufas há cinco anos, passou pela fase dos docinhos e evoluiu para os recheadíssimos “ovos de colher”. Os valores dos doces variam entre R$ 50 e R$ 70, além de barras de chocolate e mini ovinhos, na faixa de R$ 20.
Izabella faz sucesso majoritariamente onde mora, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio: “Tenho bastante procura antes e em cima da hora também”, conta.
Quem também aproveita a data para incrementar as vendas produzindo ovos artesanais é Bia Simião, moradora de Niterói. E a ideia surgiu na Páscoa de 2020, quando as aulas do curso de Engenharia Química na Universidade Federal Fluminense (UFF) tinham sido suspensas por causa da pandemia da Covid. Antes, ela só vendia apenas cookies.
“O cardápio foi aumentando e se diversificando. E aposto também na estética do produto para vender não apenas chocolates, mas um produto exclusivo e uma experiência diferenciada”, aposta Bia, que criou uma opção a R$ 50 que bateu recorde de venda.
Mas apesar da opção mais em conta, na sua confeitaria os sabores mais vendidos são o triplo caramelo e o crème brulée. Um ovo individual, de 420g, está saindo a R$ 119,90, enquanto o trio de ovos, de 600g, custa R$166,99
Apesar do incentivo ao pequeno empreendedor durante o feriado de Páscoa, o trabalho das confeitarias não é sazonal: apenas um em cada dez dos 1.515 entrevistados pelo Instituto Locomotiva confeccionam os doces apenas nesse período. Para os outros 90%, o trabalho é contínuo ao longo do ano.
Ainda que seja um ramo crescente no empreendedorismo, Bia comenta que a atividade ainda enfrenta certa dificuldade de ser enxergada como uma profissão: “Muitos começam por hobby e isso evolui, mas as pessoas se esquecem. Quando você fala confeiteira, doceira, ainda é associado aos bolos e trabalhos mais simples, a depender de quem fale. Cabe a nós mostrarmos que não é essa a realidade”, opina.
As vendas dos ovos artesanais acontecem principalmente a partir de redes sociais e marketplaces, que são plataformas que unem vários vendedores em um só lugar. O compartilhamento dos produtos transformou o que era um mero presente numa experiência “instagramável”, com direito a unboxing, que nada mais é o ato de desembalar um produto novo e registrar o primeiro contato.
E tudo incrementado com o sentimento de estar consumido um produto exclusivo, que vai além do tipo padrão dos supermercados.