A tsunami política provocada pela prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, está respingando no prefeito Eduardo Paes (PSD).
Ainda que o alcaide não tenha dado um pio sobre a operação da Polícia Federal, a classe política fez questão de trazer à memória a proximidade de Paes com a família. Estão compartilhando em massa um vídeo em que o prefeito faz afagos ao clã e lança Kaio Brazão, filho de Domingos, pré-candidato a vereador do Rio. O vídeo mostra como os Brazão têm influência na política do Rio.
“Quem melhor representa Jacarepaguá, quem mais briga, é a família Brazão”, elogiou Paes, pedindo palmas para os “feras” Domingos e Pedro Brazão (deputado estadual), que estavam em evento marcado pela família no conjunto da Merck, na Taquara.
No vídeo publicado pelo portal Última Hora no dia 8 de agosto do ano passado, Paes diz que a “tradição não pode parar” e que “colocou pilha” para o rapaz de 22 anos vir candidato a vereador.
“Como a tradição não pode parar. Não quero nem saber, quem botou essa pilha fui eu. Chiquinho já está meio gagazinho, Pedro também, Dominguinho então, nem se fala. Aí falei: vamos colocar um moleque novo nessa história para ter energia, disposição, acordar cedo e dormir tarde”, brincou Paes, enumerando que Kaio tinha pedido “recapeamento, calçada, intervenção na praça e poda nas árvores” para a comunidade.
Kaio Brazão já estava com a pré-candidatura a todo vapor, seja nas ruas ou nas redes socias. E o meio político dava como certa a sua eleição para a Câmara Municipal. “Serei o prefeito júnior aqui”, disse o confiante rapaz na Merck. Mas, após a prisão do pai e do tio, bloqueou os comentários em suas postagens
O jovem fazia parte dos planos de expansão da família no Rio. O pai dele, o mais poderoso no clã, planejava voltar à política. Domingos vislumbrava deixar o Tribunal de Contas do Rio após completar o tempo para se aposentar, disputar a eleição de 2026 para deputado estadual e se candidatar a presidente da Assembleia Legislativa.
Mesmo no TCE, Domingos nunca se afastou da política — e ampliou a abrangência do clã. Além de Chiquinho na Câmara dos Deputados; a família conta com o irmão Pedro na Assembleia Legislativa — eleito, inclusive, vice-presidente da casa — e com Waldir (que não é parente, mas usa o sobrenome Brazão) na Câmara de Vereadores do Rio.
Prisões
Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão, que já foi secretário de Ação Comunitária do Rio, foram presos, na manhã deste domingo (24), em operação deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, e pela Policia Federal. O ex-chefe da Polícia Civil e delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, apontado como mentor do crime, além de atrapalhar as investigações para protegê-los.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que a motivação deles para ordenarem o crime envolveu questões de “regularização fundiária, disputa de território e divergência sobre projeto de lei na Câmara levaram o grupo de oposição, ligado à milícia, a cometer o assassinato”.