Quando assumiu a diretoria de Conteúdo e Programação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a escritora e roteirista Antonia Pellegrino descobriu que precisaria dar seus pulinhos para conseguir realizar alguma coisa. Em 2023, o orçamento EBC era de R$ 130 milhões, entre custeio e investimento. Já o da diretoria era de R$ 16 milhões — isso, para colocar no ar uma TV, a Rádio MEC e as rádios nacionais.
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“A necessidade faz o sapo pular”, brinca Antonia, que, diante da falta de recursos e do iminente fim de boa parte das licenças de conteúdos, se mexeu.
Começou por recompor o edital Prodav TVs Públicas 2018, que havia sido pago e censurado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Entrando em contato (um a um) com todos os produtores, a diretoria conseguiu reaver, em conteúdo, os R$ 70 milhões que estavam sendo desperdiçados. Todo o material está sendo programado desde o fim de 2023.
Portanto, em termos de conteúdo, a moça fez o orçamento subir de R$ 16 milhões para R$ 86 milhões.
Para 2024, o orçamento da EBC se manteve em R$ 130 milhões, entre custeio e investimento. Já o da Diretoria de Conteúdo e Programação foi para R$ 40 milhões.
E a moça continuou dando os seus pulinhos. Graças à articulação com as Secretarias estaduais de Cultura, Antonia conseguiu, via Lei Paulo Gustavo, uma rubrica para licenciamento de obras audiovisuais no edital, cuja contrapartida é a exibição da TV Brasil. Nada menos que 12 secretarias aderiram. O que significou quase R$ 20 milhões captados em conteúdo que já começa a ser programado no próximo dia 25.
Em seguida, houve uma parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine). Havia 46 obras contempladas em editais da Ancine entre 2016 e 2022 encalacradas por causa da inadimplência das programadoras. A EBC aceitou entrar como programadora para resolver o problema dos produtores. Foi firmado um pacto entre as duas instituições e 40 produtores aceitaram o acordo. Totalizando, aproximadamente, R$ 75 milhões captados em conteúdo para a TV pública.
Ou seja, além do que já estava previsto em orçamento, a Diretoria de Conteúdo e Programação ainda captou R$ 90 milhões em conteúdo, totalizando R$ 130 milhões.
Para 2025, o orçamento da EBC será, mais uma vez, de 130 milhões. E o da Diretoria de Conteúdo e Programação está previsto em R$ 25 milhões.
Mas o sapo já aprendeu a pular — e bem alto.
Antonia já se articulou com o Sistema Nacional de Cultura, o Sistema Minc, e lançou, na semana passada, o edital Seleção TV Brasil. Trata-se de uma chamada pública com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, que disponibiliza R$ 110 milhões para a produção audiovisual independente, cuja janela é a TV Brasil e a rede nacional de comunicação pública, administrada pela EBC.
Portanto, no terceiro ano sob o comando de Antonia Pellegrino, a Diretoria de Conteúdo e Programação vai executar um orçamento maior do que o da própria empresa: serão R$ 135 milhões.