A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) realizam, nesta terça-feira (22), a operação “13 Aldeias”, contra uma quadrilha que movimentou R$ 67 milhões com golpes realizados dentro de presídios no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio, e de outros pontos do estado. O grupo criminoso se intitula como “Povo de Israel”.
O Ministério Público solicitou o sequestro de bens no valor da movimentação apurada de 84 pessoas e empresas envolvidas no esquema. A gangue possui o surpreendente número de 18 mil integrantes, o que representa cerca de 42% dos sitema penitenciário.
Ainda segundo o MPRJ, a organização criminosa possui uma estrutura hierárquica bem delineada, com lideranças escalonadas e divsão de funções e tarefas. O principal golpe aplicado pelo grupo é o popular “falso sequestro”.
Estrutura da quadrilha
Segundo a apuração, havia uma divisão de tarefas na qual um preso denominado “empresário” era responsável pela obtenção do celular. Enquanto isso, outro grupo, os “ladrões”, praticava as extorsões contra vítimas pré-selecionadas.
Os criminosos telefonavam exigindo pagamento de resgate por um familiar falsamente sequestrado, ou atuavam por intimidação direta de comerciantes e moradores de localidades próximas à dominação territorial de outras facções.
Os criminosos coagiam as vítimas a realizarem transferências de valores para contas bancárias de “laranjas”, sendo estes estes responsáveis pela circulação, repasse e dissimulação dos valores angariados, segundo as determinações da cúpula do bando.
Divisão do lucro
Ainda segundo o apurado pela autoridade policial, a repartição dos valores obtidos ficava na seguinte proporção: 30% do lucro para o “empresário”, 30% para o “ladrão”; 30% para o “laranja” e 10% para um caixa comum da organização criminosa.
Principais lideranças
Investigação conduzida pela Delegacia Antissequestro (DAS), da Polícia Civil, destaca que as principais lideranças da organização criminosa são Avelino Gonçalves, o “Alvinho”; Marcelo Oliveira, o “Tomate”; Ricardo Martins, o “Da Lua”; e Jailson Barbosa, o “Nem”. Cada presídio, 13 ao todo, possuía ainda uma hierarquia organizada, subordinada aos chefes.
O inquérito policial enumera ainda casos em que a organização criminosa extorquiu pessoas, aplicando o golpe do falso sequestro. Dos presídios fluminenses eram feitas ligações para diferentes pontos do país. Além disso, a investigação apontou que as empresas envolvidas no caso, que foram alvos de sequestros de bens, eram usadas para lavar o dinheiro obtido com as extorsões.
Nesta terça, os policiais cumprem 44 mandados de busca e apreensão. As diligências acontecem no Rio, São Gonçalo, Maricá, Rio das Ostras, Búzios, São João da Barra, e no estado do Espírito Santo. Cinco policiais penais, investigados por participação no esquema, também estão entre os alvos das buscas e foram afastados até a conclusão das investigações.