As mulheres ocupam cada vez mais espaço em um segmento antes dominado por homens: as transmissões esportivas. A uma semana dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, as transmissões do maior evento esportivo do mundo no Brasil deverão ter a maior quantidade de profissionais femininas, entre repórteres, comentaristas e narradoras, de todos os tempos.
No rádio, na TV, em podcasts, chamadas diárias e boletins. Dezenas de profissionais, que antes ficavam muitas vezes limitadas a atuarem nos bastidores, agora irão emprestar suas vozes para as competições nas mais diversas modalidades. A repórter da BandNews FM no Rio de Janeiro, Gabriela Dias, comemorou a conquista desse espaço pelas mulheres.
“Eu acho que demorou muito para que as mulheres conseguissem mais espaço no jornalismo esportivo e acho que ainda falta muito nessa caminhada. Mas fico muito feliz de ver cada vez mais mulheres nessa área. É um erro quando se fala que homens sabem mais e gostam mais de esportes, porque eu conheço várias mulheres talentosas, interessadas, que amam essa área. O que falta ainda é oportunidade”, destacou.
Especificamente sobre as Olimpíadas, Gabriela destacou a importância em poder trabalhar com jornalismo durante essa época devido à oportunidade de interagir com várias atletas brasileiras talentosas, trazendo medalhas para casa.
“Trabalhei com comunicação nas Olimpíadas do Rio e lembro de me orgulhar muito e ficar muito feliz de poder ver todos os dias ao vivo os nossos ginastas. É poder fazer história e ver a história acontecendo, como dizem”, completa.
Cuidados com a voz
A migração dos bastidores para a reportagem em rádio ou TV requer novos cuidados principalmente com a voz, que passa a ser um dos principais instrumentos de trabalho dessas profissionais. A fonoaudióloga do Clube da Fala, Laila Wajntraub, alerta para cuidados necessários para as transmissões.
“Beba bastante água em temperatura ambiente enquanto estiver falando, em pequenos goles. Um corpo permanentemente hidratado significa pregas vocais hidratadas e com melhor flexibilidade e vibração. O ideal é ingerir de sete a oito copos por dia”, orienta.
Além disso, Laila Wajntraub destacou pontos fundamentais para manter a saúde da voz das comunicadoras. Preocupar-se em manter uma alimentação equilibrada, sem grande número de horas em jejum, mastigando bem cada alimento a ser ingerido; comer maçã, pois é adstringente e limpa o trato vocal; além disso, exercitar a mastigação e a musculatura responsável pela articulação das palavras.
“Substâncias como fumaça e poeira devem ser evitadas por pessoas alérgicas. As alterações psíquicas podem desencadear crises à medida que aumentam a sensibilidade do organismo, causada pela diminuição de suas defesas”, alertou a fonoaudióloga.
Wajntraub ainda pontuou que as mudanças bruscas de temperatura são prejudiciais à voz. Bebidas geladas ou muito quentes também produzem choque térmico no organismo. Já bebidas à base de cafeína, refrigerantes, frituras e alimentos pesados, gordurosos ou condimentados podem dificultar a digestão, provocando refluxo gastroesofágico.
Importância do cuidado
Sobre a voz, Gabriela Dias destaca que, para quem trabalha com jornalismo, o cuidado é importante sempre. Durante as Olimpíadas, o cuidado fica ainda mais importante para quem vai trabalhar muito tempo seguido com a voz, seja como comentarista, narradora, ou repórter.
“Aí é fazer o básico mesmo, descansar a voz, beber muita água, se alimentar direito, que é muito importante para o fôlego, e, claro, exercícios de fono. Outra dica é não ingerir bebida alcoólica, porque isso também pode acabar afetando a voz”, complementou a repórter.