Nem a Justiça entende o caso Travancas.
A juíza Erica de Paula Rodrigues da Cunha, titular do 3º Juizado Especial de Fazenda Pública da Capital, decidiu que o advogado Victor Travancas não tem direito a uma liminar que garanta a sua exoneração do cargo de subsecretário do Gabinete do governador Cláudio Castro (PL).
O advogado entregou o seu pedido de demissão ao governo em fevereiro. Em maio, decidiu ir à Justiça. Mas, na sentença, a magistrada disse que ele “não comprovou haver fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação”. A juíza afirmou que “o pedido de tutela antecipada importa em medida satisfativa, e que também não pode ser analisado em cognição sumária em razão da falta do contraditório”.
Para apresentar o contraditório, o estado foi citado e poderá ou não se manifestar em 30 dias úteis. Depois, o Ministério Público deverá se pronunciar em mais 30 dias úteis. Ai, Travancas volta a falar em até mais 30’dias úteis. Só no fim desde processo, após ouvir todo mundo, o Juízo deve emitir a sentença.
E ainda cabe recurso.
Travancas, o mistério do Guanabara
No carnaval, Travancas fez estardalhaço sobre a liberação da Passarela do Samba pelo secretário de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro. Denunciou dezenas de irregularidades na Marquês de Sapucaí e disse estar diante de um caso de irresponsabilidade comparável ao da Boate Kiss.
Já entrou com ações na Justiça (e divulgou amplamente as acusações) para questionar gastos e patrocínios do governo do qual faz parte — como nos camarotes do carnaval e no show da cantora Madonna. Arrola nos processos, como testemunhas, secretários de estado. Diz que pretende ir à Polícia Federal depor contra os malfeitos que testemunhou e apurou nestes tempos no governo.
Mesmo assim, nada de ser demitido.
Quando Castro viajou para Nova York, e o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) assumiu o comando do Palácio Guanabara, anunciou até a data da exoneração. De novo, não aconteceu. Foi aí que o subsecretário foi à Justiça. Que, agora, diz nem ver urgência no pedido.
O advogado afirma que já até se ausentou por mais de 30 dias do trabalho, para tentar ser demitido por justa causa. Mas nada aconteceu. Definitivamente, ninguém consegue explicar o que faz (e porque permanece) Travancas no Palácio Guanabara.