O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) entrou com recurso, nesta quarta-feira (17), para que o Padre Alexandre Paciolli volte para a penitenciária. Desde a última quinta-feira (11) a prisão preventiva foi convertida em domiciliar.
No documento, a Promotoria destaca que a situação alegada pela defesa para a conversão da prisão, na qual o Padre estaria “extremamente debilitado por motivo de doença grave”, não foi comprovada.
Ele passou por uma cirurgia na coluna no dia 20 de março, dias antes de ser preso em Fortaleza, no Ceará, no dia 3 de abril, pelos crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável, cometidos contra uma mesma mulher, em agosto de 2022 e janeiro de 2023, respectivamente, em Nova Friburgo, Região Serrana.
O órgão destaca também que não foi dada a oportunidade para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) informar se tem condições para fornecer os cuidados pós-operatórios que o Padre diz precisar.
A ligação com o Vaticano e as constantes viagens a Roma também são argumentos para o recurso do MP, pois poderiam prejudicar o andamento do processo, e que “há outras tantas vítimas e testemunhas que se sentiram encorajadas a prestar depoimento após a prisão do denunciado”.
A prisão domiciliar do Padre foi concedida sob algumas regras: o comparecimento mensal ao juízo de sua residência; a proibição de se ausentar da comarca de sua residência sem a autorização da Justiça; apresentar, mensalmente, relatório médico detalhado e atualizado atestando o estado de saúde; e a proibição de manter contato com a vítima e testemunhas por qualquer meio de comunicação.
Além do MP, o pontífice é investigado também pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que criou uma comissão para apurar as denúncias contra Alexandre. O Padre foi responsável pela igreja da PUC-Rio entre 2016 e 2022.
A Arquidiocese do Rio afirma ter recebido diversas denúncias de abusos cometidos por Alexandre — algumas delas com investigações ainda em andamento, e que o afastou de suas funções.