A Associação dos Motociclistas do Estado do Rio repudiou as novas determinações da Prefeitura do Rio, que limita a circulação de motos em pontos da capital fluminense. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente da AMO-RJ, Carlos Maggiolo, declarou que as regras vão prejudicar os motoboys.
“O motociclismo carioca está de luto. Aquela mãe de família que tem o filho motoboy, a vida do seu filho corre muito mais risco. Ele (o prefeito) tirou a gente do ‘tapetão’ da pista central, que tem um asfalto muito melhor, e jogou para as pistas laterais, onde estão os ônibus e os caminhões”, comentou Maggiolo.
A determinação saiu na última sexta-feira (16), com o novo Plano Municipal de Segurança Viária. Entre as mudanças, estão a limitação da velocidade máxima para as motocicletas nas vias da cidade em até 60 km/h e a proibição da circulação nas pistas centrais, que começará em junho deste ano nas Avenidas Presidente Vargas, Brasil e das Américas. A intenção é diminuir o número de acidentes nas vias.
A prefeitura também anunciou um projeto de implantação de 200 km de corredores exclusivos para motocicletas até 2028, sendo 50 km a serem implantados até dezembro deste ano.
Além de questionar a boa conservação da pista lateral da Avenida Brasil, o presidente da Associação dos Motociclistas comentou que diminuir a velocidade das motos é deixar os motociclistas ainda mais vulneráveis. Segundo Maggiolo, o motociclista em alta velocidade chama atenção dos carros, diminuindo o risco de acidentes.
“É como se o prefeito culpasse exclusivamente os motociclistas pelos acidentes. Não existe culpa concorrente com as péssimas condições do trânsito, da sinalização e da má conservação das vias públicas”, afirmou.
Acidentes de trânsito em números
Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostram uma marca alarmante: 69% dos atendimentos nos hospitais municipais, por ocorrências em vias públicas, são motivados por acidentes envolvendo motos. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), a cidade do Rio contabilizou 12.900 pessoas feridas e 723 mortes no trânsito em 2024 — uma média de dois óbitos por dia, o maior número desde 2008, início da série histórica.
Composta por 11 órgãos municipais e liderada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), a Comissão Permanente de Segurança Viária do Rio (CPSV) mostrou que o número de óbitos no trânsito no ano passado foi 43% maior do que em 2019, quando a Prefeitura do Rio firmou a meta de reduzir o indicador à metade até 2030. No caso das lesões provocadas por acidente de trânsito, a alta foi de 17%.
Números da SMS demonstram ainda que o indicador cresce alavancado pela explosão de ocorrências com moto. Em 2024, os hospitais da rede municipal de saúde registraram 20.618 atendimentos a pacientes feridos em acidentes com motocicleta, uma alta de 66% em relação ao ano anterior. Só neste ano, de janeiro a abril, a cidade já registrou 10.094 atendimentos.