Depois de ser preso por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico, nesta quinta-feira (29), o cantor MC Poze do Rodo também é investigado por tortura e cárcere privado. As informações constam em um inquérito em andamento na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). Ao todo, Marlon Brendon Coelho Couto Silva, o MC Poze, possui 10 anotações criminais. As informações são do G1.
De acordo com as investigações, o artista e um grupo de amigos teriam agredido um homem que o próprio cantor acusou de furtar um bracelete dentro de sua residência, localizada em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. A vítima afirma que, além de ter sido espancada, foi mantida em cárcere privado.
Durante o andamento do inquérito, a Polícia Civil chegou a solicitar a prisão de Poze, mas o pedido foi negado pela Justiça. O cantor prestou depoimento, mas exerceu o direito de permanecer em silêncio. Até o momento, a defesa dele não se pronunciou sobre as acusações.
Poze afirmou ter ligação com o Comando Vermelho
Nesta quinta-feira, a Justiça do Rio manteve a prisão do funkeiro depois da audiência de custódia. Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o repertório musical de Poze “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e “incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes”.
Em depoimento à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), MC Poze afirmou ter ligação com a facção Comando Vermelho. Com base nessa declaração, ele foi encaminhado à Penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, no Complexo de Gericinó, uma das unidades prisionais onde estão custodiados membros do CV.
O que diz a defesa
Em nota oficial, divulgada nas redes sociais, a defesa do MC Poze destacou que “MC não é bandido” e que as acusações impostas ao artista “não fazem o menor sentido”. A defesa afirma que a prisão de Poze é, na realidade, a “criminalização da arte periférica”.
O advogado de MC Poze, Fernando Cardoso, afirmou que ainda vai analisar os autos do processo. Segundo ele, as músicas do artista são uma obra de ficção, assim como um ator que interpreta um personagem.
Segue a nota na íntegra:
“MC NÃO É BANDIDO
Hoje o Poze foi surpreendido com um mandado de prisão temporária e uma busca e apreensão na sua casa. A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido, Poze é um artista que venceu na vida através de sua música.
Muitos músicos, atores e diretores tem peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção.
A prisão do Poze, ou mesmo a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periferica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o poze foi conduzido é a maior prova disso”.
Histórico do artista
O funkeiro já havia sido preso em 2019 por apologia ao crime durante um show em Mato Grosso. Em 2021, teve a prisão solicitada após organizar bailes funk durante a pandemia — o caso acabou arquivado. Dois anos depois, em 2023, respondeu por maus-tratos a animais, depois que um de seus cachorros ingeriu maconha durante a gravação de um clipe — a acusação também foi arquivada.
Em novembro de 2024, Poze foi alvo da operação “Rifa Limpa”. Na ocasião, carros de luxo, joias e outros bens foram apreendidos, mas a Justiça determinou a devolução dos itens em abril deste ano. Desde 2020, ele ainda responde a inquéritos por difamação, injúria e perturbação do sossego — a maioria movida por vizinhos.