O parquinho já foi tomado por labaredas — mas o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), e o agora ex-secretário de Transportes Washington Reis (MDB) ainda podem jogar mais gasolina na treta política da semana. Cavaliere aterrissa em Duque de Caxias, nesta sexta-feira (04), acompanhado por representantes das Secretarias de Saúde e de Infraestrutura.
Assim como Eduardo Paes (PSD), no último domingo, eles vão visitar a Fazenda Paraíso — projeto criado por Washington para o tratamento de dependentes químicos, com base numa mistura entre ciência e religião. E, pelo compromisso assumido ao longo da semana, serão recebidos pelo ex-secretário e por seu irmão, o deputado estadual Rosenverg Reis (MDB).
Fazenda Terra Prometida, a versão carioca do programa
Cavaliere vai anunciar a criação, no Rio, da Fazenda Terra Prometida — exatamente nos mesmos moldes da Paraíso. O projeto será implantado no terreno do Parque Terra Prometida, em Santa Cruz.
O terreno de 200 mil metros quadrados na Zona Oeste do Rio, que já abrigou a Cidade das Crianças Leonel Brizola, vai ganhar o primeiro temático do município — e, agora, também um centro de tratamento de dependentes químicos. O parque, de inspiração cristã, é voltado especialmente para o público evangélico. Os pacientes da Fazenda poderão prestar serviço remunerado no Parque, segundo os planos da prefeitura.
Caxias, o epicentro da treta na política fluminense
Duque de Caxias, a mais populosa cidade da Baixada Fluminense e o segundo maior colégio eleitoral do Rio, virou o pomo da discórdia na pré-campanha pelo governo do estado. Washington Reis, o mandachuva político do município, integrava o primeiro escalão do governo Cláudio Castro (PL) — mas não apoia o pré-candidato do homem, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União).
E vem dando vários sinais de que não vai marchar em conjunto com Castro nas eleições de 2026.
Na semana passada, Bacellar, já irritado com as demonstrações de “traição” de Washington, foi a Caxias, ser recebido com pompa e circunstância pela oposição à família Reis. Dois dias depois, o principal adversário do presidente da Assembleia, Paes deu o troco, postando um vídeo nas redes sociais ao lado dos irmãos Reis.
A postagem detonou uma crise de grandes proporções no eixo Carioca-Laranjeiras.
Assim que assumiu a caneta, como governador em exercício — já que Castro está em Portugal para o Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo ministro do STF Gilmar Mendes — Bacellar exonerou Washington do cargo de secretário.
Convocação para depor em CPI
Na segunda-feira, Bacellar já tinha levado ao plenário da Assembleia o pedido de convocação de Washington Reis para depor na CPI da Transparência, a mais bélica da casa. O plenário aprovou — com um único voto contrário, o de Rosenverg.
Em seguida, durante uma discussão com o irmão do secretário, o presidente da Alerj disse ao microfone que não deveria ser comparado ao governador — que vem sendo muito criticado pela base por não tomar uma atitude mais firme para enquadrar Washington e outros “equilibristas”, que mantém um pé na canoa governista e outro, na oposição.
“Não me confunda com Cláudio Castro”, disse Bacellar, numa frase que repercutiu duramente na política fluminense nos últimos dias.
Parece provocação, e não deixa de ser
Os bombeiros ainda nem começaram o rescaldo na área atingida pelo incêndio político, mas lá vão Cavaliere e os irmãos Reis jogar mais combustível no fogaréu de Caxias.