No próximo sábado (22), será lançado o livro “Um corpo estendido na capa: jornalismo de sensações e cenas de linchamento”, com roda de conversa e dia de autógrafos com a autora, a jornalista Angélica Fontella. O evento acontecerá às 10h no Conversatório Bistrô, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
Um corpo negro, despido e sem vida amarrado a um pilar ensanguentado. A cena de 2015 bem que poderia ser de 200 anos antes, como informa a primeira página de um jornal publicado em 8 de julho daquele ano. Era o linchamento brutal do jovem Cleidenilson Pereira da Silva, no Maranhão, acusado de assaltar um bar.
O impresso compara a fotografia contemporânea com a gravura de Debret “L’exécution de la punition du fouet” publicada no Voyage pittoresque et historique au Brésil (1835), um retrato dos castigos públicos cotidianos aplicados sobre as pessoas escravizadas no Brasil Colônia. Esse é o ponto de partida para “Um corpo estendido na capa: jornalismo de sensações e cenas de linchamento”.
A história de Cleidenilson, o jornalismo de sensações (muitas vezes reduzido ao rótulo de “sensacionalista”) e as estruturas violentas da sociedade brasileira se entrelaçam nesta obra. Através de uma análise perspicaz de narrativas da imprensa, a obra revela como, mesmo ao aparentemente criticar a violência, o jornalismo acaba por reforçar visões de mundo que perpetuam a marginalização de indivíduos como Cleidenilson.
Autora do livro possui pesquisa sobre o jornalismo de sensações
Angélica Fontella nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1987 e foi criada nos bairros do subúrbio carioca. Jornalista formada pela Escola de Comunicação da UFRJ, é mestra e doutora em Comunicação e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da mesma instituição.
Sua pesquisa aborda a relação entre jornalismo de sensações, história, memória e violência na sociedade brasileira. É cofundadora do podcast Passadorama, que discute história, cultura e política. Desde 2022, atua como produtora-geral de jornalismo da Sputnik Brasil, Rio de Janeiro.