O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado e tornou rés por injúria racial as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha que divulgaram vídeos entregando bananas e um macaco de pelúcia a crianças negras, em maio de 2023.
“As denunciadas estariam buscando promoção pessoal e social, através das suas ações filmadas e postadas no aplicativo ‘Tik Tok’, sendo gravíssimo o fato de que a internet consiste num ambiente que não oferece nenhum controle de exposição e transmissão e que atinge ou pode atingir a população do mundo inteiro”, escreveu a juíza Simone de Faria Ferraz, titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, o acolher a denúncia. Ela classificou o episódio como “monstruosidade”, e uma “discriminação perversa”.
A dupla tem um milhão de seguidores no Instagram, 13 milhões de inscritos no Tiktok e postavam vídeos de assistencialismo, testes de maquiagem e pegadinhas. Em um dos casos, Kérollen conversava com um menino negro e questionava se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele optou pelo pacote, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, respondeu“só isso?”. Nancy ainda disse: “Você gosta”.
Em outra gravação, Nancy parou uma menina na rua e fez uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5, ou uma caixa. A criança abriu a caixa do “presente”, viu que era um macaco de pelúcia, abraçou o brinquedo e agradeceu à influencer. Ambos o vídeos foram apagados.
Rita Salim, delegada da Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) e responsável pelo inquérito, classificou a conduta da dupla como racismo, já que elas escolheram crianças negras e usaram dos artifícios de banana e macaco para presenteá-las.
Para a defesa de mãe e filha, a conclusão da investigação não considerou devidamente a versão das acusadas e os elementos apresentados em seus depoimentos. E que os vídeos originais, sem edição, demonstravam a ausência de dolo discriminatório.