A maré de asfalto que tomou conta do Rio em 2024 parece que vai secar no próximo ano. A Prefeitura do Rio prevê reduzir em 53% o orçamento para asfaltamento de ruas em 2025, em comparação com 2024 — ano marcado pela corrida que elegeu prefeitos e vereadores em todo país. A redução no orçamento virou combustível para críticas de opositores do prefeito Eduardo Paes, que apontam uma possível motivação eleitoral na intensificação das obras.
O vereador Pedro Duarte (Novo), crítico declarado da “política do asfalto”, revelou dados que levantam questionamentos: no programa “Asfalto Liso”, a previsão inicial de orçamento era de R$ 270 milhões em 2023; saltou para R$ 478 milhões em 2024, mas, para 2025, a estimativa desaba para R$ 224 milhões. A situação se repete no orçamento geral da Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva), que caiu de R$ 1,1 bilhão para R$ 550 milhões, uma diferença que chamou atenção na audiência pública realizada nesta quinta-feira (7), na Câmara Municipal do Rio.
Questionado sobre os dados pela equipe do vereador Pedro Duarte (NOVO), o secretário da Seconserva, Marco Aurélio Regalo de Oliveira, argumentou que as obras do “Asfalto Liso” seguem um cronograma de quatro anos, conforme o contrato. Mas a explicação foi recebida com ceticismo.
“O problema não está nos valores do orçamento de 2025 e, sim, quando comparamos com o de 2024. Em ano eleitoral, o orçamento disparou, e onde isso ocorreu? Justamente na ação que trata de asfalto”, criticou Duarte.
Outro ponto que causou incômodo entre os vereadores foi o uso de recursos de empréstimos para financiar o programa “Asfalto Liso”. Durante a atual gestão de Eduardo Paes, cerca de R$ 5 bilhões foram obtidos em empréstimos, dos quais 10% foram destinados ao asfaltamento. Duarte também questionou essa escolha.
“O uso de empréstimos para uma ação de conservação é uma má prática. A Prefeitura vai passar 5, 10 anos pagando por algo que precisa ser feito periodicamente”, destacou o vereador, alertando para o custo elevado e a dependência de empréstimos para obras recorrentes.
Para 2025, o Rio deve voltar ao asfalto com orçamento modesto. Afinal, a corrida eleitoral já terminou — e, aparentemente, o asfalto também.