A doação de sangue é um ato de solidariedade e de cidadania que salva vidas. Neste sábado, é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue, que reconhece a importância dos voluntários. Atualmente, no Brasil, cerca de 3,2 milhões de pessoas necessitam de transfusões sanguíneas todos os anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No entanto, apenas 1,6% da população doa sangue anualmente.
Em 2004, a jornalista Patrícia Gualberto precisou da doação de cinco bolsas de sangue para ser submetida à uma cirurgia de retirada de um mioma — um tumor benigno que se forma no tecido muscular do útero. Na época, ficou entre a vida e a morte por causa da constante perda de sangue — e só conseguiu sobreviver graças à ação voluntária de pessoas desconhecidas.
“Eu lembro exatamente da minha sensação ao receber a primeira bolsa de sangue. Como me senti mais fortalecida, mais animada… até minha coloração mudou”, contou Patrícia. Um ano depois, ela se tornou doadora regular. Isso já faz onze anos.
“A minha primeira doação foi exatamente quando comemorei um ano da cirurgia, da vida nova. Desde então, procuro me organizar para ir ao Hemorio três vezes por ano”, explicou.
De acordo com a Instituição, entre janeiro e abril deste ano, foram coletadas 27.174 bolsas de sangue. Ao longo de todo o ano passado, foram 97 mil bolsas. Para manter os estoques em níveis seguros, o Hemorio precisa de pelo menos 250 doações por dia, o que significa atrair cerca de 400 pessoas diariamente.
Histórias que inspiram
O estudante Matheus Paiva foi diagnosticado com leucemia em 2017, ainda no ensino médio. A escola onde estudava promoveu uma campanha intensa para arrecadar sangue em seu nome. Durante o tratamento com quimioterapia, Matheus precisou de várias transfusões por causa dos efeitos colaterais.
“As transfusões me mantiveram vivo. Eram elas que ajudavam meu corpo a repor plaquetas e leucócitos”, contou.
Rodrigo Cardoso foi um dos amigos que se sensibilizou com a situação e decidiu doar sangue. Ele lembra que, apesar da incerteza do momento, a sensação foi gratificante.
“Ao mesmo tempo foi também uma adrenalina, pensar ‘eu estou fazendo isso por ele’, foi uma sensação de dever cumprido. Fazer tudo o que eu podia por outra pessoa que eu gosto muito foi sem dúvida uma sensação muito boa. Ao mesmo tempo claro, a preocupação, de não saber o que podia acontecer”, disse.
‘Doar sangue é doar vida’
Patrícia Gualberto diz que doar sangue é “doar aquilo que temos de mais nobre: a vida”. E reforça que só se deu conta do poder desse gesto quando esteve do outro lado — como paciente.
Assim como ela e Rodrigo, o aposentado Claudio de Moraes também se tornou doador por motivação pessoal. Em 2003, ele e os irmãos decidiram doar sangue para o pai, diagnosticado com câncer no intestino.
“Era uma situação muito difícil. A gente estava triste, muito abalado. E aquilo, de certa forma, nos deu algum alívio — como se estivéssemos fazendo algo concreto para salvá-lo”, relembrou, emocionado.
Campanhas de doação de sangue

Para reforçar os estoques, o Hemorio promove, até o dia 15, uma campanha especial em parceria com empresas de mobilidade, oferecendo passagens gratuitas aos doadores que forem até a unidade, no Centro do Rio.
Participam da iniciativa: MetrôRio, VLT Carioca, Semove, SuperVia, além dos cartões de transporte Riocard Mais e Jaé. No ano passado, a campanha aumentou em 27% o número de doações, com 1.902 bolsas coletadas durante a ação.
Para doar sangue, é preciso:
- Ter entre 16 e 69 anos
- Pesar no mínimo 50 kg
- Estar em boas condições de saúde
- Apresentar um documento de identidade oficial com foto