Somente em 2023, o estado do Rio teve 2.209 crianças de 0 a 11 anos vítimas de estupro: o que equivale a um caso a cada quatro horas. Em 21% das ocorrências, o crime é cometido por pai, mãe, padrasto ou madrasta. Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam também o perfil das vítimas: 80% são meninas, a maioria pretas ou pardas.
A capital lidera o número de ocorrências, com 31% dos casos, seguida pelas cidades de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São Gonçalo e Belford Roxo, todas na Região Metropolitana. Dentro da cidade do Rio, os crimes ocorrem principalmente na Zona Oeste, em Campo Grande, Santa Cruz, Bangu, Guaratiba e Jacarepaguá. No Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, 45 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados em 2023, um aumento de quase 70% em relação aos 27 registrados em 2022.
Dos 15 mil atendimentos realizados pela Fundação para Infância e Adolescência (FIA-RJ) nos Núcleos de Atendimento à Criança e ao Adolescente (NACAs), mais da metade, 55%, eram de ocorrências relacionadas a abuso sexual.
Este sábado (18) foi o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a data integra a campanha Maio Laranja, que pretende conscientizar e dar visibilidade ao assunto. O dia 18 de maio foi escolhido para rememorar o caso de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos: em 1973, a menina foi sequestrada, estuprada e morta por jovens de classe média alta em Vitória, no Espírito Santo.
As vítimas que sobrevivem carregam traumas da violência, que resultam em quadros de depressão, autoflagelo e tentativas de suicídio, por exemplo. Pela pouca idade das crianças, essas possuem dificuldade de narrar os casos, ainda mais pela violência vir de alguém em quem elas deveriam confiar.
As denúncias de estupro devem ser feitas através do Disque 100, ou em delegacias especializadas, ao Conselho Tutelar, à Polícia Militar (190), Samu (192) ou pelo WhatsApp do Ministério das Mulheres ((61) 99656- 5008).