O Novo sempre defendeu uma posição liberal na economia — focando no menor papel do Estado, na desburocratização e no empreendedorismo — mas não se posiciona tradicionalmente como conservador nos costumes.
Pelo menos, até agora.
Pois o voto do vereador Pedro Duarte, na Câmara do Rio, contra um projeto do PL para proibir a participação de crianças e adolescentes em atividades LGBTQIA+ provocou uma onda de revolta da corrente mais conservadora — que já é dominante e revela a nova face do partido.
Até o ex-ministro do Meio Ambiente e hoje deputado federal por São Paulo, Ricardo Salles (Novo), reagiu, irritado, numa postagem que critica o voto de Pedro. O vereador do Rio respondeu, no mesmo tom.

“O Novo defende, desde o seu início, a liberdade, com responsabilidade, e a menor interferência do Estado na vida do cidadão. Não tem como votar a favor do Estado decidir onde meus filhos vão ou não, sobretudo mirando um evento específico. Quem decide é a família”, justifica Pedro.
Mas a treta continua. Entre os revoltados, estão outros figurões do partido, como o deputado federal Luiz Lima e a advogada Carol Sponza, que foi a candidata do Novo à Prefeitura do Rio.
“Eu teria votado diferente”, disse Carol. “Cria um desconforto, porque hoje o Novo é um partido de direita, muito conservador. O raciocínio de Pedro é o de que o estado não tem que se envolver. Se fosse uma questão econômica, seria caso de expulsão. Mas a pauta de costumes ainda está aberta”.
Novo discute criar cláusulas pétreas em questões de costumes
A ex-candidata explicou que já se discute, na legenda, a possibilidade de criar cláusulas pétreas também sobre pautas conservadoras, como o aborto.
Mas admite que não há, hoje, orientação sobre o assunto.