A mais nova treta do mercado começou com uma postagem de Riley Rodrigues, assessor do secretário-chefe da Casa Civil do governo do estado, Nicola Miccione, na rede sócio-profissional Linkedin. O moço relembrou a luta do Rio pela coordenação entre os aeroportos Santos Dumont e Galeão. E, claro, puxou a sardinha para a sua importância e a do Palácio Guanabara na questão.
“Em 2021, na discussão sobre a pretendida concessão do aeroporto Santos Dumont e seus impactos no Aeroporto Internacional do Galeão, defendemos a coordenação dos aeroportos. Era inadmissível o projeto do então Ministério da Infraestrutura (…). Era o pior projeto de concessão que já vi. (…). Após três anos de discussões e troca de governo federal, apresentamos esse estudo técnico, elaborado por mim, com participação, principalmente, de Delmo Pinho, fruto do trabalho do grupo técnico formado pela Infraero, governo do estado, federações das Indústrias e do Comércio, Associação Comercial e governo do município”, postou, assumindo a paternidade do estudo.
E ainda reclamou do município.
“A Prefeitura do Rio, na hora de finalizarmos a questão, decidiu atropelar, apresentando uma proposta que todos no GT haviam apontado ser ilegal e, por esse e outros problemas, sem possibilidade de ser aplicada. Mas convenceu o governo federal a adotar a medida, que sequer chegou a ser implementada (evidente). Mas esse movimento nos fez perder seis meses até o óbvio ser feito”, disse.
E concluiu:
“Hoje, com os resultados positivos, há uma fila se esgoelando pela paternidade, inclusive e especialmente grupos e pessoas que foram contrárias à solução técnica e defenderam a proposta meramente política (e ilegal). Mas não é tão simples se reescrever a história. Em especial as bem documentadas”.
Logo a postagem ganhou uma chuva de comentários indignados.
Carina de Castro Quirino, subsecretária de Regulação e Ambiente de Negócios da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, foi uma que correu para desmentir o moço.
“Também é muito complicado adulterar capas de materiais técnicos públicos…”, disse a moça.
Rodrigues não se fez de rogado.
“É, sim, Carina. Assim como combinar, aprovar, e fazer diferente, apresentando ao governo federal um documento diferente do aprovado no Grupo de Trabalho. O documento da imagem não foi adulterado, foi ALTERADO após o abandono pela prefeitura da proposta construída por outra, diversas vezes alertada de que feria as normas da aviação nacional. Como disse, não se muda história bem documentada e eu prezo por guardar todos os detalhes para a preservação da história”, respondeu.
Outro a contestar o rapaz foi o senador Carlos Portinho, do PL, que, apesar da ferrenha oposição ao prefeito Eduardo Paes (PSD), fez questão de lembrar a participação do governo municipal no processo.
“Faltou constar a Prefeitura do Rio e o meu gabinete do Senado, pois participamos igualmente deste grupo de trabalho. Inclusive fui eu que o puxei após audiência pública no Senado e a minha representação no TCU. Divididos, não somos nada. Juntos somos fortes”, escreveu o senador.
Lá veio Rodrigues responder.
“Senador, o documento cita, claramente, na parte interna, o senhor e destaca. Foi sua iniciativa e atuação que abriu espaço para a criação do GT e permitiu interromper o danoso projeto de concessão do Santos Dumont e a construção do modelo hoje vitorioso. A prefeitura consta de duas formas, inclusive no texto, destacando que, mesmo alertada da proposta ilegal de impor um perímetro de voo, insistiu. O que consta no meu texto é a construção da proposta com base na capacidade técnica operacional conforme a IATA. Esse trabalho foi feito por mim e pelo Delmo Pinho, aprovado pelos integrantes do GT (a prefeitura aprovou e depois, inesperadamente, apresentou a famosa proposta de perímetro isoladamente)”, disse.
Foi a vez de o vereador Flávio Valle (PSD), correr em defesa do município.
“Parabéns, Francisco Bulhões (ex-secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico), Carina de Castro Quirino e Marcel Grillo Balassiano (subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação) que, sob o comando do prefeito Eduardo Paes elaboraram os estudos e a proposta de coordenação por parte do governo federal!”
Rodrigues não deixou sem resposta.
“Flávio Valle, não faça isso. Você não participou do processo, não sabe o que aconteceu e não tem o histórico. O estudo apresentado pela prefeitura defendeu a aplicação de um perímetro de voo de 400km, medida que não foi aplicada por ser contrária ao ordenamento jurídico da aviação nacional. Talvez nem isso saiba. Mas tudo bem, vereador, eu sei que é sua função política narrar a história como melhor aprouver. Mas não avance tanto a ponto de ser negacionista da história documentada”, postou o contestado técnico do governo do estado.