Cerca de 4 milhões de pessoas vivem em áreas dominadas por facções criminosas no Rio de Janeiro. O Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF) divulgou, nesta quinta (04), a atualização de pesquisa feita em parceria com o Instituto Fogo Cruzado para mapear o comando de grupos armados na Região Metropolitana.
A pesquisa analisou dados de 2024 e destacou que, entre 2007 e o ano passado, o controle territorial de grupos armados no Rio cresceu 130%. Em 2024, pouco menos de um terço (29,7%) da população vivia em territórios sob controle direto — aqueles em que o crime organizado exerce força e fixa normas para moradores.
Além dessas regiões, outros 5,3% vivem em áreas consideradas pela pesquisa como “zonas de influência”, onde o domínio das facções criminosas é mais parcial, mas ainda gera efeitos para os moradores.
Entre facções criminosas, Comando Vermelho é a que controla mais regiões; grupo comanda 150 km² de território
A pesquisa também busca mapear as ações de cada grupo criminoso com presença expressiva na Região Metropolitana. O grupo da UFF e do Fogo Cruzado identificou um avanço considerável no domínio exercido pelo Comando Vermelho (CV), que comanda quase metade de todo o território sob controle direto. Ao todo, são 150 km² de área dominada.
Nessa área de controle direto do CV, vivem 1,6 milhão de moradores — o que representa 47,2% de todo o contingente populacional dominado. Uma das principais estratégias de dominação do grupo nos últimos anos foi a tomada de territórios antes dominados por facções criminosas rivais, o que garantiu um avanço de 30,9% no controle populacional exercido pelo CV.
Milícia ainda domina maior extensão territorial, mas comando apresenta queda
Apesar do avanço do CV, quem exerce controle direto ou influência na maior parte do área dominado da Região Metropolitana é a milícia, que mantém 201 km² do território. Mesmo assim, o ritmo de avanço dos grupos paramilitares desacelerou desde a pandemia de Covid-19, segundo a pesquisa, e áreas que antes apresentavam domínio hegemônico das milícias, como a Zona Oeste da capital, hoje também tem região comandadas por facções do tráfico de drogas.
Menos presente, o Terceiro Comando Puro (TCP) é o terceiro grupo que mais domina territórios no Rio e exerce controle direto ou influência sob 11,28% da população dominada.
Os dados da pesquisa se baseiam na análise de cerca de 700 mil denúncias sobre criminalidade na Região Metropolitana.

