O debate em torno da proposta de uma homenagem à Cozinha Solidária, do Instituto de Cultura e Religiões Afro-brasileira, acabou virando bate-boca, na Assembleia Legislativa (Alerj), na manhã desta quinta-feira (5). Depois de receber elogios dos parlamentares, o assunto mudou quando Douglas Gomes (PL) chamou o Movimento dos Sem Terra (MST) de “terrorista”, ao citar a autora da proposta, Marina do MST (PT).
“Sempre quando o assunto for no sentido de alimentar pessoas, a gente vai apoiar. Mas a gente encontra tanto o MST quanto o MTST usando de terrorismo. E, com base na lei, diferente do que esse grupo faz, vamos trabalhar para retomar os territórios aos proprietários”, declarou o parlamentar.
A fala estourou um clima tenso no plenário. Marina do MST (PT), de pronto, rebateu o colega de parlamento e repudiou o discurso de Gomes.
“Douglas Gomes mais uma vez acusa o MST e o MTST de terroristas. Quero lembrar que a política de reforma agrária no Brasil existe e é constitucional. Nós também, dos movimentos sociais do campo, estamos em contato, reivindicando a garantia da estrutura e condições ao pequeno agricultor”, disse a representante do PT.
Flavio Serafini (PSOL) saiu em defesa de Marina. O deputado elogiou a iniciativa e destacou o papel do movimento.
“As cozinhas solidárias têm cumprido um papel muito importante para combater a fome e garantir a segurança alimentar. O MST é um movimento social que cumpre um papel fundamental para a sociedade brasileira, que tem uma das maiores concentrações latifundiárias do mundo”, concluiu.
Douglas Gomes voltou ao assunto no expediente final
Conforme o tom da discussão se elevava, a deputada Índia Armelau (PL), que presidia a sessão, precisou intervir e colocar um ponto final na discussão. Não satisfeito com a treta na sessão ordinária, Douglas Gomes voltou tocar no assunto durante o expediente final.
“No Rio de Janeiro não vai ter invasão. Se tiver alguma fazenda invadida, saia. E se não sair por bem vai sair à base de borrachada. Esse movimento terrorista, que já tinha que ser criminalizado há muito tempo, hoje está tacando terror”, afirmou.
Projeto sequer cita o MST
Ocorre que passou despercebido a Douglas Gomes um pequeno detalhe: a proposta sequer cita o MST. O projeto de resolução proposto por Marina do MST concede o Prêmio Baobá à Cozinha Solidária, reconhecendo a preservação da ancestralidade africana no estado.