Antonio Carlos dos Santos, o diretor-financeiro da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) que “facilitou” a aplicação de R$ 200 milhões no Banco Master, também é o responsável pela “direção, supervisão, coordenação e planejamento” da Assessoria de Licitações da estatal, de acordo com o estatuto registrado na Junta Comercial.
Só em 2025, ao menos 16 representações contra as licitações da Cedae foram protocoladas no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O número chama a atenção de quem acompanha o dia a dia do tribunal e até de integrantes do Conselho de Administração da companhia.
“É um número significativo e revela muito sobre o que está acontecendo na empresa. Ainda mais que a Cedae já não executa mais os serviços de distribuição, então precisa fazer menos licitações. E ainda vem um número tão grande de contestações. É um escândalo”, disse um ex-funcionário graduado, que está acompanhando com lupa crítica a atuação da Cedae nos últimos tempos.
Antes de assumir a diretoria na Cedae, Antonio Carlos foi assessor-chefe no gabinete do governador Cláudio Castro
Integrante do conselho administrativo da Cedae, Antonio Carlos trabalhou no gabinete do governador Cláudio Castro (PL) por pelo menos três meses antes de assumir a “diretoria-financeira e de relações com investidores” da companhia de saneamento, no fim de 2022.
Foi sob sua gestão que a Cedae adotou uma nova política para investimentos. A mudança, recomendada por parecer de Antonio Carlos, previa que a empresa pudesse fazer aplicações com baixa exposição a todas as fontes de risco — ou seja, “rebaixando” os parâmetros para investidores.
Com essa autorização, a empresa de capital misto — que antes só negociava investimentos com empresas de avaliação A, considerada positiva pelas agências de risco — passou a poder comprar papéis de instituições financeiras com nota mínima BBB.
O Banco Master tinha a avaliação mínima e, só com a mudança recomendada por Antonio Carlos, a Cedae pôde aplicar R$ 200 milhões nela no fim de 2023. Ao todo, a empresa chegou a aplicar mais de R$ 230 milhões no banco, que foi liquidado extrajudicialmente pelo Banco Central em novembro. O dono do Master, Daniel Vorcaro, foi preso por suspeita de irregularidades financeiras.

