Primeira deputada Sem Terra da história do Rio de Janeiro, eleita em 2022 com mais de 46 mil votos, Marina do MST comemorou, nesta segunda-feira (22), os 40 anos de um dos maiores movimentos sociais do país e suas conquistas no estado do Rio.
Natural de Cascavel, no interior do Paraná, Marina ingressou no MST há 35 anos, ainda adolescente, quando era boia-fria, e se mudou para Campos dos Goytacazes nos anos 1990 já como uma das lideranças do movimento para organizar a luta pela terra no estado do Rio.
“O marco inicial da estruturação do MST aqui foi a conquista da fazenda Capelinha, em Conceição de Macabu, ocupada em 1996 e desapropriada no ano seguinte”, relembra Marina. “Em 1997, chegamos ao coração da região canavieira, ocupando as terras da Usina São João, hoje o assentamento Zumbi dos Palmares, o maior do estado”, completou a deputada.
Marina recorda que os assentamentos onde hoje são produzidos feijão, abóbora, bananas, milhos, tomate e hortaliças antes eram extensos canaviais, eucaliptais e pastos abandonados, onde se encontravam trabalhadores em situação análoga à escravidão.
“É preciso lembrar também que o Supremo Tribunal já confirmou diversas vezes que terras improdutivas devem ser, pela lei, e não pelo MST, destinadas à reforma agrária. E as produtivas que se utilizam de trabalho escravo ou destroem o meio ambiente, também. É a lei”, repetiu Marina.
Nestes 27 anos no estado, o MST ocupou 59 fazendas, com um total aproximado de 57 mil hectares e conquistou 22 assentamentos com 25.174, 24 hectares, mobilizando 8 mil famílias na luta pela terra. Mas as ocupações por aqui não visaram somente a posse da terra. Em 2017, o MST ocupou uma das áreas desapropriadas para o Porto do Açu por Sérgio Cabral e destinadas ao empresário Eike Batista.
“Essa ocupação visou denunciar a farsa revelada em uma das delações de Sérgio Cabral para a desapropriação de aproximadamente 7 mil hectares, expulsando milhares de famílias dessas terras em 2011. Eles acabaram presos. E ocupamos também a Fazenda Santa Luzia em Piraí, do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira pelo mesmo motivos. Os corruptos precisam devolver as terras que tomaram” destacou Marina.
Atual presidente da Comissão de Combate à Fome da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o foco da deputada tem sido o de combater a fome no estado, mas com um viés diferente de quando iniciou no MST.
“Quando começamos a falar no combate à fome no Brasil com o Betinho, a ordem do dia era comer. Mas infelizmente a época coincidiu com a enxurrada de alimentos ultraprocessados nas prateleiras. E hoje temos uma sociedade com uma parcela enorme de gente obesa e, ao mesmo tempo, doente e desnutrida. Precisamos garantir ao povo o acesso a alimentação de qualidade, sem veneno”, concluiu a parlamentar.