A Justiça aceitou uma denúncia do Ministério Público do Rio e o delegado de Polícia Civil Maurício Demétrio Afonso Alves virou réu pelos crimes de discriminação e injúria racial.
Na denúncia, a 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio relata três episódios em que o delegado externou seu desprezo por pessoas de cor preta ou fez ofensas racistas por um aplicativo de mensagens Whatsapp.
Em um dos casos, em outubro de 2018, Demétrio chama uma delegada aposentada de “macaca” e “criola”. Dois anos depois, ele utiliza em uma conversa a expressão “tinha que ser preto”, ao se referir ao então ministro da Educação.
Outro episódio ocorreu em março de 2018, quando o então delegado ironiza a morte da vereadora Marielle Franco, “que, no contexto do que restou demonstrado com a prova dos autos, assim o fez por preconceito racial, certo que a falecida vereadora era mulher de cor preta”, diz a denúncia.
Além da condenação pelos dois crimes, o MPRJ requer que o delegado seja condenado a pagar R$ 100 mil pelos danos morais causados à delegada, bem como R$ 100 mil a título de dano moral coletivo.
Estado já pagou mais de R$ 1,2 milhão ao delegado preso
O governo do estado do Rio de Janeiro já gastou mais de R$ 1,2 milhão com pagamento de salários ao delegado Maurício Demetrio, só no período que ele está preso.
Membro da Polícia Civil do Rio há duas décadas, Maurício Demétrio foi preso em junho de 2021 na Operação Carta de Corso, do Ministério Público, acusado de chefiar uma organização criminosa que usava da instituição para extorquir, chantagear e fazer dossiês contra desafetos.
Em uma das últimas movimentações de processos contra ele, de janeiro deste ano, a Justiça condenou Demétrio a mais de nove anos de preisão pelos crimes de obstrução de justiça, organização criminosa, lavagem de dinheiro, além de fraude em sistema e laudo falso.
Na sentença, o juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio, afirmou que os “crimes são gravíssimos e foram praticados justamente valendo-se da função pública que exerce e da estrutura que a Polícia Civil lhe confere”.
O magistrado determinou que o delegado seja removido do quadro da corporação. Mas, como a decisão foi em primeira instância e Demétrio pode recorrer, o delegado está apenas afastado. O estado vai continuar pagando salários até que a condenação não caiba mais recurso, e ele seja demitido.