O Rio de Janeiro responde, atualmente, por quase 10% dos brasileiros e brasileiras que passam fome, num total de aproximadamente 3 milhões de pessoas. Praticamente 1 em cada 5 cariocas e fluminense não têm o que comer. Diante dos números alarmantes, a Comissão de Segurança Alimentar da Alerj realizou uma audiência pública, nesta segunda-feira (27), para tratar da ampliação do programa Cozinha Solidária, criada pelo governo federal em julho passado.
O governo reconhece como cozinhas solidárias as iniciativas da própria sociedade civil, organizadas por movimentos sociais, associações, igrejas e demais grupos de ativismo que têm alimentado pessoas em situação de vulnerabilidade social. A maioria surgiu na pandemia, quando as cozinhas viraram um dos principais meios de sobrevivência das pessoas em meio à crise mundial.
O programa agora está na fase de credenciamento e habilitação das cozinhas, e das entidades que farão a gestão. No processo, as cozinhas precisam comprovar seu funcionamento, os usuários que acessam a alimentação e o compromisso de adequação às normas sanitárias. Na próxima etapa, será lançado edital para que as entidades, junto com as cozinhas, possam apresentar seus planos de trabalho para seleção.
“Vamos realizar essa audiência com a presença do Ministério do Desenvolvimento Social porque a política as cozinhas solidárias foram e continuam sendo essenciais para combater a fome com alimentação saudável. Mas não basta a política pública, ela precisa chegar na ponta, em quem mais precisa. O objetivo é aproximar as cozinhas da política pública, da própria população e dizer ao governo onde a fome é mais premente no Rio, que é nas favelas e periferias de todo esse estado”, explicou a presidente da Comissão, deputada Marina do MST.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 400 mil domicílios do Rio de Janeiro vivem em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. No estado existem 302 cozinhas solidárias, sendo 136 funcionando normalmente, 98 com capacidade parcial e 68 estão paralisadas.
Durante a audiência, a diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do Ministério de Desenvolvimento Social, Patrícia Chaves, disse que o Governo Federal irá apoiar o Programa da Cozinha Solidária através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e de editais públicos que irão selecionar algumas entidades gestoras para apoiar as cozinhas existentes.