O calor extremo não saiu da pauta da semana. Com a capital atingindo o nível 4 de calor, Niterói chegando aos 42,2ºC e cerca de 17 municípios fluminenses recebendo alertas, a semana foi atípica para cariocas e fluminenses. E especialmente desafiadora para os trabalhadores que precisaram estar nas ruas, expostos ao sol, diariamente.
Entre eles, está a categoria dos ambulantes, que, às vésperas do carnaval, se sente “esquecida”. A vendedora de bebidas conhecida como Sayonara, atua todos os dias no Centro do Rio e, apesar de comemorar o aumento nas vendas de água, lamenta a nova rotina sob altas temperaturas. Sayonara classifica o novo normal como “insuportável”.
“Só bebendo água, não tem como fugir do calor, não tem nem sombra por aqui. […] Nem guaraná, nem cerveja, é água”, diz a vendedora.
João Pereira, por sua vez, também confessa ser um dos maiores consumidores da colega ambulante, e segue à risca a máxima de buscar hidratação ao longo do dia. O vendedor de óculos de sol, no entanto, garante que apesar das condições extremas, o trabalho não pode parar.
“Tá sendo difícil pra caramba, agoniante, muito sol. […] A gente se hidrata o dia todo e a vida segue”, acrescenta.
O trabalho não para
Júlio Silva, vendedor de cachorro quente, faz coro à crítica do colega da banca de óculos. Júlio trabalha de segunda a sexta no Largo da Carioca e, assim como os demais colegas da região, também atua durante o carnaval de rua. O vendedor, que precisa estar perto da chapa onde prepara os lanches, aposta ter enfrentado uma sensação térmica acima dos 50ºC. Ele é mais um a dizer que a categoria de ambulantes está “esquecida”.
João Pereira, por sua vez, diz que sente falta de pontos de hidratação da prefeitura, com distribuição de água gratuita na cidade, não só para ambulantes, mas para pessoas em situação de rua e todas as pessoas que precisam enfrentar o calor extremo fora de suas casas. Do poder público, o vendedor de óculos diz que só encontra “os guardas” dispostos a, inclusive, tirar os ambulantes da via pública sempre que possível.
Nesta sexta-feira (21), a capital voltou ao nível 3. Segundo o Centro de Operações Rio (COR), ele acontece quando há registro de índices de calor alto (36ºC a 40ºC), com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias consecutivos. Diferente do nível 4, para o município, não há impactos na rotina da cidade.